Repetindo pela importância – “O pó de fadas da Amazônia: entrevista com Antônio Nobre”

O cientista brasileiro Antonio Nobre.  Foto de Pablo Correa
O cientista brasileiro Antonio Nobre. Foto de Pablo Correa

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Antonio Nobre, revela os cinco segredos da floresta amazônica e alerta sobre o perigo de seu desmatamento

Ramiro Escobar, en El País

Ele foi o primeiro a falar no III Encontro Panamazônico realizado em Lima, nos dias 6 e 7 de agosto. Tem um discurso apaixonado e uma qualidade um tanto rara para um cientista: sabe combinar dados com histórias, explicação com emoção. Antonio Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), conta nesta conversa qual é a mágica da Amazônia, em que consistem seus segredos e por que as mudanças climáticas e o desmatamento a ameaçam seriamente…

– Já estamos no ‘Dia depois de amanhã’ das mudanças climáticas?

Estamos em uma situação bastante grave. A ponto de a comunidade científica, que não costuma concordar entre si, ter formado um bloco com uma convicção homogênea sobre o assunto. As mudanças climáticas não são mais só uma projeção.

– E como essa situação de gravidade se manifesta na Amazônia?

No desmatamento, que remove a capacidade de a floresta se manter. Ela conseguiu se manter por milhões de anos, em condições adversas. Mas hoje sua capacidade está reduzida. Antes havia duas estações na Amazônia, a úmida e a mais úmida. (mais…)

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Carta aos presidentes latino-americanos enviada pelo encontro “Iglesias y Minería”

igreja e mineraçaoRespetadas señoras y señores presidentes:

Dilma Rousseff / Presidenta de Brasil

Cristina Fernandez / Presidenta de Argentina

Juan Manuel Santos / Presidente de Colombia

Michele Bachelet / Presidenta de Chile

Rafael Correa / Presidente de Ecuador

Evo Morales / Presidente de Bolivia

Juan Orlando Hernández Alvarado / Presidente de Honduras

Juan Carlos Varela / Presidente de Panamá

Ollanta Moisés Humala Tasso / Presidente de Perú

Otto Pérez Molina / Presidente de Guatemala

Daniel Ortega / Presidente de Nicaragua

Luis Guillermo Solis / Presidente de Costa Rica

Salvador Sánchez Cerón / Presidente de El Salvador

Enrique Peña Nieto / Presidente de México

Barack Obama / Presidente de Estados Unidos

José Mujica -Tavaré Vasquez / Presidentes saliente y electo de Uruguay

En el Centro Cultural Brasília entre 2-5 de diciembre de 2014, al rededor de cien personas de trece países, de provenientes de congregaciones religiosas, de iglesias evangélicas, de organizaciones de derechos humanos, de delegados de pastorales sociales de los países, con el apoyo y presencia de la Conferencia Episcopal del Brasil, compartimos experiencias y luchas relacionadas con la explotación minera en America Latina.

Conmemoramos a nuestros mártires y martiresas y solidariamente nos comprometimos en apoyar las resistencias a los proyectos que generan muerte. Cantamos a la vida conectando los hilos de esperanza de millones de afectados/as por los proyectos mineros en el continente. (mais…)

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MA – Indígenas Memortunré Canela morrem por falta de assistência à saúde

Memortunre

Cimi Regional Maranhão

Seis pessoas do povo Memortunré Canela, no Maranhão, morreram em novembro com o vírus Influenza A, H1N1. Destas, quatro eram crianças. A epidemia apresenta sinais desde julho deste ano, mas não foi realizado nenhum trabalho preventivo ou de tratamento entre a comunidade.

Outras duas pessoas apresentam sintomas de tuberculose. É necessário realizar exames de busca ativa para constatar a suspeita ou identificar outros casos de doenças que podem contribuir no agravamento da situação.

Os indígenas Memortunré Canela estiveram reunidos em meados de novembro em Brasília com Daniel, chefe do gabinete de Antônio Alves, atual secretário da Secretaria Especial de Saúde indígena (Sesai). Na ocasião eles já denunciavam a situação de descaso no atendimento à saúde junto aos Memortunré Canela. (mais…)

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Contra a derrubada de árvores, grupo Kaiowá retoma área de território tradicional no MS

tey juçu

Cimi Regional Mato Grosso do Sul

Cansados da exploração da terra tradicional reivindicada, o tekoha Tey Juçu, pela usina sucroalcooleira Nova América, um grupo Kaiowá composto por aproximadamente 300 pessoas, mais de 100 famílias, retomou na madrugada de domingo, dia 7, mais uma pequena parte deste território indígena no Mato Grosso do Sul. A derrubada gradativa do que restou de mata no local foi o estopim que levou os Kaiowá a tomar a decisão de retomar a área. Até então estes Kaiowá se encontravam na aldeia Tey Kue, localizada junto ao município de Caarapó.

A paralisação das demarcações é sem dúvida um jogo lucrativo para as empresas que há décadas exploram de forma exaustiva os territórios indígenas. No Mato Grosso do Sul, enquanto os procedimentos demarcatórios seguem parados ou sendo eternamente analisados, os poucos recursos naturais que sobreviveram há anos de esbulho vão sumindo no horizonte. Pouco a pouco, a céu aberto e sem nenhuma vergonha, o mato e os vales sagrados dos territórios ancestralmente ocupados pelos povos originários vão se transformando em monótonos e danosos campos de monocultura e de devastação. Este cenário é comumente atrelado ao país que produz e se desenvolve, enquanto as áreas que sobraram de mata, no geral ocupadas pelos indígenas, são retratadas como símbolos do atraso. (mais…)

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COP20: Indígenas brasileiros protestam contra a PEC 215

Membros da APIB fazem protesto contra a PEC 215 durante a COP20, em Lima, Peru (afp)
Membros da APIB fazem protesto contra a PEC 215 durante a COP20, em Lima, Peru (afp)

Em Isto É Dinheiro

Representantes de comunidades indígenas brasileiras protestaram nesta segunda-feira em repúdio a uma mudança na demarcação de suas terras na conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP20), que se celebra em Lima para negociar medidas contra o aquecimento global.

Em espaços abertos da fortaleza militar que sedia a conferência, líderes da Articulação de Povos Indígenas do Brasil lançaram palavras de ordem contra o governo Dilma Rousseff contra uma proposta sobre a demarcação de suas terras, cuja votação no Congresso está prevista para esta semana.

“O governo brasileiro promove o pior ataque aos povos indígenas”, disse Sonia Guajajara, enquanto seus colegas protestavam com cânticos, acompanhados de chocalhos.

“O Brasil apresenta aqui metas ambiciosas para a redução das emissões, mas sua prática é o contrário: autoriza o desmatamento e a presença de hidrelétricas”, reivindicou a líder indígena. (mais…)

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Anistia Internacional faz campanha por quilombolas do Maranhão

Comunidade do Charco na Baixada Maranhense, palco de conflitos agrários no Estado (Foto: Renata Neder/Anistia Internacional)
Comunidade do Charco na Baixada Maranhense, palco de conflitos agrários no Estado (Foto: Renata Neder/Anistia Internacional)

Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil

O envio de manifestações individuais a autoridades é a aposta da campanha “Maratona de cartas: escreva por direitos”, da organização não governamental Anistia Internacional. Até o próximo sábado (13), a entidade recebe adesões que vão se transformar em pedidos de providências ao governo brasileiro e a autoridades na Índia, na Noruega, na Venezuela e nos Estados Unidos.

No Brasil, a campanha trata de dois casos: a regularização fundiária da comunidade quilombola do Charco, no interior do Maranhão, e do fotógrafo Sergio Silva, que ficou cego depois de ser ferido por uma bala de borracha disparada por policial militar, em São Paulo.

Desde 2010, a comunidade remanescente de quilombo sofre ameaças e intimidações por não pagar mais taxas ao pretenso proprietário da área em que moram. Naquele ano, as ameaças se concretizaram no assassinato do líder Flaviano Pinto Neto. Segundo a Anistia Internacional, sem a titulação, os quilombolas do Charco – cerca de 130 famílias – vivem em vulnerabilidade. (mais…)

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A quem interessa o Brasil ser o primeiro país a liberar o plantio de árvore transgênica?

Grande parte da produção de mel do País baseia-se no eucalipto, daí um dos grandes riscos da nova espécie transgênica. Plantio de eucalipto ao lado de floresta | © Adriano Fagundes
Grande parte da produção de mel do País baseia-se no eucalipto, daí um dos grandes riscos da nova espécie transgênica. Plantio de eucalipto ao lado de floresta | © Adriano Fagundes

O Brasil está a poucos passos de aprovar a liberação comercial de eucalipto transgênico. Sem ter realizado devidamente os estudos para avaliar os impactos e riscos dessa tecnologia, poderemos ser o primeiro país a liberar comercialmente o plantio de árvores transgênicas no mundo.

Flávia Camargo, ISA

A liberação de árvores transgênicas requer maior precaução tendo em vista que as árvores têm ciclos bem mais longos de vida e a sua interação com o meio ambiente é bem mais complexa do que a interação de plantas anuais, como a soja e o milho. A liberação do eucalipto transgênico exige uma preocupação ainda maior, uma vez que boa parte da produção de mel brasileira é oriunda do pólen dos eucaliptos.

O eucalipto transgênico foi desenvolvido pela empresa FuturaGene, uma subsidiária da Suzano Papel e Celulose, a segunda maior produtora de celulose de eucalipto do mundo. De acordo com a empresa, o eucalipto transgênico pode elevar a produtividade do volume de madeira em até 20% em relação ao eucalipto convencional. (mais…)

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Justiça proíbe Estado de fechar escola rural no Paraná

terra_educacao_paim_ministerio-1-4Por Maycon Corazza, do CGN, na Página do MST

O Poder Judiciário da Comarca de Toledo, na Região Oeste do Estado, determinou, em caráter de urgência, que o Estado do Paraná garanta a matrícula dos alunos do 6.º ano na Escola Estadual do Campo Edwino Scherer, situada no distrito de Dois Irmãos, em Toledo, e cesse com qualquer medida destinada ao fechamento da unidade de ensino, sob pena de multa no valor de R$ 10 mil por dia de descumprimento. A decisão, de caráter liminar, atende à ação civil pública ajuizada nesta semana pela 4.ª Promotoria de Justiça (Proteção à Educação) da comarca.

De acordo com a Promotoria, a escola recebeu, no final de novembro, a notícia do Núcleo Regional de Educação de que seria fechada a partir de 2015. Os argumentos foram de que poucos alunos estariam matriculados e de que as matrículas seriam remanejadas para outras escolas.

O caso foi denunciado pela União Toledana das Associações de Moradores (UTAM), que protocolou pedido de providências perante o Ministério Público, ressaltando que “eventual encerramento das atividades da escola seria extremamente prejudicial aos interesses da comunidade”. (mais…)

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Aos que defendem a volta da ditadura, por Eliane Brum

Eles eram 400 nas ruas de São Paulo, no primeiro sábado de dezembro, pedindo intervenção militar. Quatrocentos não é pouco. Um é muito

Por Eliane Brum, El País Brasil

Quando escuto brasileiros fazendo manifestação pela volta da ditadura, penso que eles não podem saber o que estão dizendo. Quem sabe, não diz. Mas esse primeiro pensamento é uma mistura de arrogância e de ingenuidade. O mais provável é que uma parte significativa desses homens e mulheres que têm se manifestado nas ruas desde o final das eleições, orgulhosos de sua falta de pudor, peçam a volta dos militares ao poder exatamente porque sabem o que dizem. Mas talvez seja preciso manter não a arrogância, mas a ingenuidade de acreditar que não sabem, porque quem sabe não diria, não poderia dizer. Não seria capaz, não ousaria. É para estes, os que desconhecem o seu dizer, estes, que talvez nem existam, que amplio aqui a voz das crianças torturadas, de várias maneiras, pela ditadura.

Crianças. Torturadas. De várias maneiras.

Como Ernesto Carlos Dias do Nascimento. Ele tinha dois anos e três meses. Foi considerado terrorista, “Elemento Menor Subversivo”, banido do país por decreto presidencial. Foi preso em 18 de maio de 1970, em São Paulo, com sua mãe, Jovelina Tonello do Nascimento. O pai, Manoel Dias do Nascimento, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização comandada por Carlos Lamarca, havia sido preso horas antes. Ernesto é quem conta:

“Me levaram diversas vezes às sessões de tortura para ver meu pai preso no pau de arara. Para o fazerem falar, simulavam me torturar, com uma corda, na sala ao lado, separados apenas por um biombo”.

O menino de dois anos dizia: “Não pode bater no papai. Não pode”.

E batiam. (mais…)

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Juiz que deu voz de prisão ao não entrar em voo já usou escravos duas vezes, por Leonardo Sakamoto

trabalho_escravo02por Leonardo Sakamoto

Atendentes da TAM receberam voz de prisão do juiz Marcelo Baldochi e foram conduzidos à Polícia Civil, em Imperatriz (MA), na noite deste sábado (6). O motivo: após chegar atrasado, o juiz não foi autorizado a embarcar em um voo que partia para Ribeirão Preto (SP).

De acordo com depoimento de funcionários do aeroporto a este blog e segundo um vídeo que está circulando na rede, inconformado com o que seria um desrespeito ao seu “direito de consumidor”, o juiz mandou prender os trabalhadores. A TAM disse, em nota, que segue os procedimentos de embarque previsto na legislação. O blog não conseguiu contato com o juiz ou com o delegado até o momento de publicação deste post. Os três funcionários foram liberados.

Mesmo tendo sido formalmente abolida, a escravidão está tão enraizada em nossas fundações que ainda rege as relações sociais por aqui. No mundo do trabalho, sabemos quem manda e quem obedece. E as consequências de não seguir à risca os papeis atribuídos a cada um. (mais…)

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