Nove coisas que pessoas brancas não deveriam dizer sobre racismo

racismo-maoParece que, quando a conversa não é explícita – como quando pessoas brancas usam palavras como “macaco” ou recusam serviços baseado na cor da pele – trazer a tona o assunto do racismo coloca muitas pessoas na defensiva ou induz afirmações bravas que negam a sua existência. 

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Essa é uma reação que muitas pessoas não-brancas estão cansadas de receber de pessoas que tem privilégio racial, e não tem nenhuma ideia tangível do que é experimentar as injustiças sociais e institucionais de não ser branco na América.

Muitas pessoas de diferentes raças querem espaço para discutir essas questões dentro de uma cultura que amplifica vozes brancas – querem ter suas vozes ouvidas e respeitadas, mesmo que suas emoções venham de um lugar de dor.

Como pessoas que se beneficiam de um privilégio racial, brancos podem apoiar a lideranças de pessoas não-brancas ao desafiar esses mitos naturalizados sobre racismo antes mesmo de entrar em uma discussão com o assunto, principalmente discussões com pessoas que não são brancas.

1. “Você que é racista por trazer a tona a raça da pessoa.”

Geralmente, quando uma pessoa que não é branca fala de racismo, existe alguma coisa problemática acontecendo. Seria ingênuo assumir que todas as pessoas que não são brancas simplesmente existem como oportunistas que usam toda e qualquer chance para fazer drama sobre o racismo. Se você está cansado de ouvir sobre racismo, o quão cansado você imagina que pessoas não brancas estão de ter que viver rodeados pelo racismo?

2. Eu não vejo raça, somos todos seres humanos”.

Embora isso possa soar revolucionário, ser cego a cores é, na verdade, parte do problema. “Não ver cor” é simplesmente uma frase preguiçosa para deliberadamente ignorar os elementos do racismo que ainda existem e que precisam ser consertados – assim, reforça o privilégio de poder ignorar os efeitos negativos do racismo em primeiro lugar. Como o ditado diz: “você não pode consertar aquilo que você não pode ver”. (mais…)

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50 anos da rebelde Mafalda

mafalda de bicicletaPor Luciana Candido, no PSTU

Foi no dia 29 de setembro de 1964 na Argentina. A garotinha ousada de seis anos apareceu para questionar o mundo. Era Mafalda, a que ama os Beatles, a paz, os direitos das crianças e das mulheres. Mas odeia injustiça, sopa e James Bond.

Vivia com os pais e, três anos depois, ganhou um irmão, Guille. Ao longo dos anos, foi fazendo amigos. Felipe foi o primeiro. O menino de sete anos não gostava de estudar e, por isso, tinha frequentes crises de consciência.

Depois, vieram Manolito e Susanita. O primeiro, filho de comerciante, desde cedo aprendeu a gostar de lucrar. Aos seis anos, ajuda a tomar conta da mercearia do pai. Inteligência não é seu forte. Seu conservadorismo irrita frequentemente Mafalda.

Susanita é o retrato da criação de uma menina na sociedade da época – infelizmente, ainda hoje. Inspirada nas telenovelas, seu sonho é casar e ter filhos. A feminista Mafalda não a compreende, já que considera a própria mãe um exemplo do que não deve se tornar uma mulher.

Miguelito é o caçula da turma. Amante de jazz, passa o tempo a passar o tempo. Vive a filosofar sobre coisas vagas e, muitas vezes, inúteis. Libertad foi a última a chegar. Aprendeu francês com sua mãe, que era tradutora de obras como as de Sartre. Com seu pai, descobriu que haveria uma revolução. Libertad aparece quando menos se espera e não precisa de convite.

Cada uma destas personagens é um símbolo dos anos 1960. Na Europa, aconteciam grandes mobilizações embaladas pelo Maio Francês. Na América Latina, começavam as ditaduras, e as injustiças sociais aumentavam. Os estados ditos comunistas já começavam a dar passos em direção à restauração do capitalismo. (mais…)

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BA – “GGB defende a canonização de ‘índio gay'”

Índio Tibira foi amarrado à boca de um canhão, cujo disparo despedaçou seu corpo
Índio Tibira foi amarrado à boca de um canhão, cujo disparo despedaçou seu corpo

Por Biaggio Talento, em A Tarde

Uma campanha pela canonização daquele que pode vir a ser São Tibira do Maranhão será aberta pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) na próxima terça-feira, 9, véspera do Dia Internacional de Direitos Humanos. A entidade alega que o índio tupinambá Tibira seria o “primeiro mártir gay das Américas”.

A iniciativa é do antropólogo e historiador Luiz Mott, fundador do GGB, que vai lançar na terça, o livro São Tibira do Maranhão, 1614-2014, Índio Gay Mártir, junto com o cordel Tibira do Maranhão: Santo Homossexual, da cordelista e doutora da Ufba Salete Maria. O lançamento será às 18h, na Biblioteca Central dos Barris.

O martírio do índio é descrito pelo frei capuchinho francês Yves d’Evreux no seu livro História das Coisas Mais Memoráveis Acontecidas no Maranhão nos Anos de 1613 e 1614. Após se instalarem no Maranhão, os franceses, liderados pelo frade capuchinho, foram informados da existência de um famoso Tibira, termo da língua tupi que designa índios homossexuais. Mott lembra que na época a sodomia era considerada pela cristandade “o mais torpe, sujo e desonesto pecado”.

Para evitar um temido castigo divino e aterrorizar eventuais futuros amantes do mesmo sexo, diz o antropólogo, ordenaram os capuchinhos a captura e prisão do índio gay, “que foi sumariamente julgado, batizado e condenado à morte”.

A execução

“Estouraram o Tibira, amarrado na boca de um canhão, ao pé do Forte de São Luís, caindo seu corpo estraçalhado na baía de São Marcos, para limpar a nova conquista do abominável e nefando pecado de sodomia”, diz Mott, definindo a execução: “Arbitrária e sem autorização do papa ou da Inquisição”, sendo descrita e justificada pelo missionário em seu livro. (mais…)

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Protesto Krenak ocupa ferrovia e impede passagem de trem de Minas a Vitória

respeita-vale-campanha1Segundo a assessoria da Vale, responsável pela operação da ferrovia, o motivo da manifestação ainda está sendo apurado

Por Bruna Carmona, em O Tempo

Cerca de 25 representantes do povo indígena Krenak ocuparam a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), em Resplendor, no Vale do Rio Doce, no início da tarde deste sábado (6).

O protesto afetou a operação ferroviária, incluindo a circulação do trem de passageiros que fazia o percurso entre Belo Horizonte e Cariacica, no Espírito Santo. Segundo a assessoria da Vale, responsável pela operação da ferrovia, o motivo da manifestação ainda está sendo apurado.

Em nota, a empresa informou que “ratifica sua intenção de manter o canal de comunicação aberto com as comunidades, contudo, acredita que qualquer ato público ou manifestação deve respeitar o Estado Democrático de Direito e o direito constitucional de ir e vir”.

Ainda de acordo com a Vale, os passageiros que estão embarcados seguirão viagem até suas estações de destino em ônibus disponibilizados pela empresa.

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SP – Ato a favor de padre vítima de racismo reúne mil pessoas em Adamantina

padre Wilson Luís RamosPor Thais Fascina, na Gazeta de Limeira

Ao menos mil pessoas protestaram na noite deste sábado (6) em Adamantina, a 600 km da capital paulista, contra a transferência do padre Wilson Luís Ramos, que afirma ter sido vítima de episódios racistas. O ato foi feito em frente à igreja matriz de Santo Antônio de Pádua, depois de missa ministrada pelo padre. Os manifestantes, vestidos de preto, carregavam velas e cartazes com frases como “não ao preconceito, não ao racismo”.

Primeiro negro à frente da igreja matriz do município, o padre conta que, desde que assumiu a função, há quase dois anos, precisa lidar com o preconceito de uma parte dos fiéis de Adamantina.

Após consultas populares, o bispo da Diocese de Marília, dom Luiz Antonio Cipolini, decidiu transferir o padre, em razão da “divisão” da comunidade, para o Santuário Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Dracena (SP).

Na missa deste sábado (6), o padre disse que cumpriu seu papel em Adamantina. “A comunidade é nossa. Tratem bem o padre que chegar e receber as pessoas de braços abertos, mesmo se tiverem feito algo de mal”, afirmou. No lugar do padre, que deixará Adamantina no dia 14 de dezembro, assumirá o padre Rui Rodrigues da Silva.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Ramos disse que não concorda com a posição do bispo, mas respeita. “Não é o que eu desejo, gostaria de mais diálogo e uma conciliação”.

Em padarias, praças e conversas de portão, o principal assunto na cidade de 35 mil habitantes continua sendo a transferência do padre. “Eu gosto dele, ate assinei o abaixo assinado. Eu sou evangélica, mas não admito racismo. Todo mundo da minha igreja assinou”, afirma Nadir Justino, moradora de Adamantina que participava do ato.

Desde terça-feira (2), mais de 8 mil pessoas assinaram um abaixo-assinado para tentar revogar a decisão do bispo. O objetivo é reunir 20 mil assinaturas. A reportagem entrou em contato com a Cúria da Diocese de Marília durante toda a semana, mas o bispo dom Luiz Antonio Cipolini não atendeu nenhuma ligação.

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A ignorância do racismo deve ser combatida com o conhecimento, diz professor Paixão

Professor Paixão, umuaramaIlustrado

Umuarama – Em visita a Umuarama, para ministrar uma palestra, Luiz Carlos Paixão da Rocha, mais conhecido como Professor Paixão, concedeu uma entrevista ao jornal Umuarama Ilustrado. Na conversa, o integrante do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade Federal do Paraná, falou dos desafios na luta contra o racismo, que na sua visão começa por meio da educação como forma de romper a ignorância.

Luiz Carlos Paixão abriu à entrevista ressaltando a importância da escola, como veículo para levar o conhecimento e esse saber ser um instrumento de combate ao racismo presente sociedade brasileira. “Costumamos afirmar que o racismo caminha ao lado da ignorância e para suprir essa ignorância só com o conhecimento. Por isso surgiu à lei 10.639, que determina a todo estabelecimento de ensino trabalhar na sua grade a cultura afro-brasileira. O objetivo é que os estudantes tenham uma real visão da contribuição dos povos africanos e da população negra para cultura e economia do Brasil. Para que o negro possa ser apresentado de uma forma positiva”, disse.

Conforme o professor, antes a história não mostrava a África como o berço da humanidade e suas várias descobertas tecnológicas e científicas, no ensino do Brasil o negro aparecia apenas como o escravo. O resultado dessa omissão foram estudantes negros sem um espaço para construir de forma positiva sua identidade etiológica racial. “Antes diziam que o negro não tinha alma, não tinha nenhum conhecimento entre outras frases. Isso promoveu inferioridade e desigualdade e é por isso que escola precisa romper este silêncio”, alertou. (mais…)

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