Os governantes perderam o controle sobre o medo, a fúria que desencadearam está se voltando contra eles. A raiva digna fará o México despertar e questionar
Eduardo Galeano, em Carta Maior
Os órfãos da tragédia de Ayotzinapa não estão sós na obstinada busca de seus queridos, perdidos no caos dos aterros incendiados e das valas cheais de restos humanos.
Os acompanham as vozes solidárias e sua presença calorosa em todo o México, incluindo os campos de futebol onde os jogadores festejam seus gols desenhando com os dedos o número 43 no ar, em homenagem aos desaparecidos.
Em meio a tudo isso, o presidente Peña Nieto, recém chegado da China, advertia que esperava não ter de fazer uso da força, em tom de ameaça.
O presidente ainda condenou “a violência e outros atos abomináveis cometidos pelos que não respeitam nem a lei, nem a ordem”, ainda que não tenha esclarecido que estes grosseiros poderiam ser úteis para a fabricação de discursos ameaçadores. (mais…)