O sol se esconde entre as nuvens e sentas sob a sombra da tua árvore predileta, enquanto a tarde já vai adiantada. Os campos verdes são infinitos e, parecem, mas não acabam no horizonte. Passaste a manhã arando a terra, preparando-a para a semeadura do dia seguinte, cansado observas ao redor e desfrutas da sombra generosa daquela velha árvore tão conhecida, tão amada. Teus filhos te esperam para continuar o trabalho, são muitos, podes ouvi-los ao longe, suas vozes, num uníssono, reverenciam a mãe terra num canto forte e ritmado.
De repente, estranhos invadem tua terra e armados anunciam, que a partir daquele momento, tu e teus filhos serão escravos e partirão ao raiar do dia num navio, para uma terra desconhecida, de onde não mais voltarão. Tentas fugir, mas é inútil, prendem-te e vão ao encalço dos teus filhos.
Olhos negros entreolham-se tristes, incrédulos e voltam-se para o chão, cabisbaixos, mãos amarradas, humilhados. Olhos negros procuram o velho Baobá, sua robustez, sua sombra, sua proteção. É hora da despedida, de ir embora para não mais voltar… Pés descalços tocam a terra e dirigem-se à velha árvore, giram incansáveis em torno do seu robusto tronco… Giram, giram, sem parar, para esquecer da terra amada que talvez não mais vejam. Admiram a sua altivez para que fique marcada em seu espírito e se vão.
Essa história podia ser a sua…
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Compartilhado por Ney Didãn.