Esta nota do conselho da Aty Guasu visa destacar e analisar a posição de autoridade policial investigativa civil frente ao depoimento do fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro. De modo voluntário, esse fazendeiro confessou o crime contra a vida do menino Guarani-Kaiowá Denilson Barbosa, porém o fazendeiro-assassino confesso foi ouvido e solto pela autoridade policial Estadual. Depois disso, na sequencia, este fazendeiro-assassino Orlandino começou a organizar as ações criminosas consecutivas de seus pistoleiros contras as vidas dos manifestantes Guarani-Kaiowá, mandando os seus pistoleiros dispararem os tiros em direção dos 1.000 manifestantes Guarani-Kaiowá.
1º ataque dos pistoleiros do fazendeiro aconteceu no dia 22 de fevereiro de 2013, por volta da 10h30min, em plena luz de sol, compareceram mais de dez (10) homens “brancos civilizados” armados lançaram vários tiros sobre os manifestantes Guarani-Kaiowá. 2º ataque dos pistoleiros do Orlandino aconteceu no dia 23 de fevereiro à noite, os pistoleiros “brancos civilizados modernos” dispararam vários tiros sobre as centenas manifestantes indígenas Guarani-Kaiowá.
Assim, os pistoleiros do fazendeiro-assassino confesso continuam agindo e ameaçando de forma tranquila os familiares do Denilson Barbosa e manifestantes Guarani-Kaiowá da aldeia Tey’ikue/Caarapo-MS. Em resumo, a seguir destacamos as narrações das testemunhas indígenas que viram a ação criminosa do fazendeiro Orlandino e seus pistoleiros. Além disso, ressaltamos as ações criminosas dos fazendeiros frente à manifestação pública Guarani-Kaiowá da aldeia Tey’ikue/ Caarapó-MS.
É com muito pesar e indignados que, nós conselho da Aty Guasu Guarani e Kaiowá, mais uma vez, vimos comunicar a todos (as) autoridades e cidadãos (ãs) do Brasil e Nações do Mundo que no dia 20 de fevereiro de 2013, o fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro procurou a Polícia Civil e confessou que ele mesmo assassinou o menino Kaiowá Denilson Barbosa. Assim, o fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, depois de dois dias de assassinar um índio, procurou a Delegacia de Polícia Civil e narrou o seu crime à autoridade policial civil e foi liberado de modo muito sereno. A posição pública da autoridade policial civil evidencia claramente que os fazendeiros-assassinos dos Guarani-Kaiowá não são e nem serão punidos. Diante do fato, várias lideranças Guarani-Kaiowá indignadas declaram que “se os criminosos fossem índios Guarani-Kaiowá, se um fazendeiro fosse assassinado pelo índio Guarani-Kaiowá imagina!, com certeza a autoridade da polícia civil prenderia e deixaria presos na hora, submeteria à tortura, etc”.
Segue a narração do menino indígena sobrevivente irmão do Denilson Barbosa que ficou escondido no matagal, bem perto da lagoa onde foi pego e assassinado o seu irmão Denilson pelo fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro. No meio da escuridão, o menino sobrevivente ouviu tudo que estava sendo praticado contra a vida de seu irmão pelo fazendeiro Orlandino e pistoleiros, escutando o último choro e grito de socorro de Denilson Barbosa. “Ouvi os tiros e o último grito e choro de meu irmão Denilson”. (Logo depois), “quando uma caminhonete saiu da sede da fazenda indo em direção da cidade Caarapó, eu saí correndo do mato e fui avisar o meu pai”. O menino correu e demorou mais de 2 horas para comunicar o seu pai sobre o acontecido e assassinado de seu irmão.
Na madrugada do dia 17/02/2013, por volta da 01h00min, o fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro juntamente com os seus pistoleiros/auxiliares carregaram o corpo sem vida do Denilson Barbosa na carroçaria de uma caminhonete e o levaram largar na entrada da aldeia Tey’ikue/Caarapó. Largaram no meio da estrada e um pneu da caminhonete pisou sobre o corpo do Denilson, por isso no primeiro momento o fato apareceu que o menino Guarani-Kaiowá como estivesse sofrido acidente de carro. Sobre isso, o fazendeiro apresentou uma versão infundada que ele estaria levando o menino Guarani-Kaiowá para hospital, a ação seria salvar a vida do índio Denilson, mas é mentira dele.
Segundo Boletim de Ocorrência nº 218/2013 (B.O.) Na madrugada do 17/02/2013, por volta da 01h00min, um anônimo, uma pessoa sem identificação comunicou à Polícia Civil de Caarapó-MS que havia um corpo sem vida de um homem à margem da estrada próxima à aldeia indígena Tey’ikue/Caarapó-MS. Sobre essa comunicação registrada, as lideranças religiosas imaginaram que esse anônimo seria o próprio fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, comunicando o resultado de sua ação criminosa. Diante disso, exigimos que seja investigada essa comunicação anônima registrada pela polícia, donde procedeu a comunicação e do qual nº telefônico?
No dia 18/02/2013, as familiares do menino Denilson Barbosa e dezenas lideranças indígenas receberam o corpo sem vida do menino na aldeia Tey’ikue. Frente ao fato acontecido, surgiu manifestação pública Guarani-Kaiowá contra o fazendeiro assassino Orlandino, solicitando para Polícia Civil a prisão em flagrante do fazendeiro, por meio de protesto, os parentes do Denilson, as principais lideranças da Tey’ikue com mais de mil (1.000) indígenas Guarani-Kaiowá decidiram a enterrar o corpo do menino Denilson Barbosa no local em que foi torturado e assassinado pelo fazendeiro.
De fato, no dia 18/02/2013, quando aconteceu a manifestação pública e o ritual/cerimônia de enterro do Denilson perto da lagoa, o fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro e seus pistoleiros se encontravam armados na sede da fazenda, observando a manifestação Guarani-Kaiowá e o ritual de enterro do menino assassinado por ele. No dia 19/02/2013, Orlandino Gonçalvez Carneiro e seus pistoleiros começaram a se agrupar mais na sede da fazenda, ameaçando os manifestantes indígenas e pedindo a segurança policial do Estado para os fazendeiros.
Assim, entre os dias 18 e 19 de fevereiro de 2013, várias viaturas das polícias estadual e federal vieram até a sede da fazenda do Orlandino Gonçalvez Carneiro, indo e voltando e encontraram o fazendeiro assassino e não prenderam o fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, não prendeu em flagrante por quê? Pedimos a explicação à razão de não prender em flagrante o fazendeiro-assassino. Visto que dois indígenas testemunhos que viram confirmaram reiteradamente, no dia 17/02/2013 que o mandante e o autor do crime foram Orlandino e seus pistoleiros.
Os mais de cinco mil (5.000) manifestantes Guarani-Kaiowá estavam pedindo a prisão em flagrante do fazendeiro Orlandino e seus pistoleiros desde o dia 17/02/2013. Mas foi ignorada a confirmação das testemunhas indígenas e o apelo de cinco mil (5.000) manifestantes Guarani-Kaiowá da aldeia Tey’ikue. Dois dias depois do fato, no dia 20/02/2013, o fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, com livre espontânea vontade, se apresentou na delegacia da Polícia Civil onde confessou que ele mesmo assassinou o menino Denilson Barbosa e foi só ouvido e liberado para solicitar a reintegração de posse da fazenda, ou seja, criminoso do índio Denilson Barbosa confesso não foi preso pela polícia e foi liberado para coordenar novo ataque violenta contra as vidas dos manifestantes Guarani-Kaiowá.
Os líderes Guarani-Kaiowá da aldeia Tey’i kue narraram e denunciaram que desde 18 de fevereiro as comunidades inteiras estão sendo ameaçada pelos fazendeiros da região de Caarapó-MS, “há várias caminhonetes circulando pela aldeia Te’yi kue, procurando as lideranças do manifestantes e ameaçando os manifestantes públicas indígenas” .
No dia, 22 de fevereiro de 2013, após confessar o crime, o Orlandino Gonçalvez Carneiro solicitou a reintegração de posse da fazenda na Justiça Estadual de Caarapó-MS. Ao mesmo tempo aconteceram os ataques consecutivos dos homens “civilizados” armados, 1º ataque dos pistoleiros do fazendeiro aconteceu no dia 22 de fevereiro de 2013, por volta da 10h30min, em plena luz de sol, compareceram mais de dez (10) homens “brancos civilizados” armados lançaram vários tiros sobre os manifestantes Guarani-Kaiowá. 2º ataque dos pistoleiros do Orlandino aconteceu no dia 23 de fevereiro à noite, os pistoleiros “brancos civilizados modernos” dispararam vários tiros sobre as centenas manifestantes indígenas Guarani-Kaiowá. Esses ataques dos pistoleiros foram comunicado a todas as autoridades federais do Brasil como: o MPF, FUNAI, PF etc., aos poucos estão tomando as medidas cabíveis ao caso.
Por fim, nós conselhos da Aty Guasu Guarani e Kaiowa juntamente com as familiares do Denilson Barbosa, lideranças de seis mil (6.000) comunidades manifestantes Guarani-Kaiowá da aldeia Tey’ikue continuamos a nossa manifestação pública pela punição do fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro e seus pistoleiros. Solicitamos a prisão do fazendeiro e seus pistoleiros. Visto que no Estado de Mato Grosso do Sul, os fazendeiros-assassinos não são julgados e nem punidos pela justiça do Brasil.
Como já é sabido que aqui no Sul de Estado de Mato Grosso do Sul, só em dez (10) anos, mais de 20 lideranças Guarani-Kaiowá já foram assassinadas a tiro queima-roupa pelos pistoleiros das fazendas e nenhum fazendeiro-criminoso foi punido e nem julgado pela autoridade da justiça brasileira. Diante desse fato histórico indignante, mais uma vez, solicitamos o julgamento e punição ao fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro e seus pistoleiros. Além disso, pedimos também o julgamento e punição aos todos os fazendeiros-assassinos das lideranças Guarani-Kaiowá, acontecido nos últimos 20 anos.
Atenciosamente,
Tekoha Guasu Pindo Roky/Tey’ikue, 24 de fevereiro de 2013
Lideranças da aldeia Tey’i kue e Conselho da Aty Guasu Guarani e Kaiowá.
Onde estão os Parlamentares do MS? O que esperam? que todas as nossas lideranças indígenas morram, se calem para que as balas possam entrar nos corpos das outras pessoas como fazem com qualquer animal selvagem? Os animais silvestres têm uma lei que os protegem e se vê punições por parte do Estado brasileiro. Para os Guarani e Kaiowá a Lei além de cega, é surda e muda. Não existe punição para os assassinos, mas poderá ter prêmios para eles dando a reintegração de posse ao fazendeiro assassino. Onde estão os parlamentares do MS? Onde está o MP? Onde está a dignidade e a humanidade desse país?
Até quando vamos ver e chorar as mortes dos nossos amigos lideranças?
Que tristeza!
Quem protegerá as inúmeras lideranças das comunidades Tey’i kue? O que fazer para que eles continuem vivos?