BA – Devotos homenageiam Iemanjá no Rio Vermelho

Milhares de baianos e turistas acompanham a festa no Rio Vermelho

Flávia Faria e Da Redação

O dia ainda nem tinha clareado, mas centenas de fiéis já se reuniam na Casa do Peso, no Rio Vermelho, para entregar suas oferendas a Iemanjá neste sábado, 2.  No barracão que guarda os presentes até que sejam levados ao mar, balaios com flores, jóias, sabonetes e muitos vidros de alfazema já estavam organizados desde a última sexta-feira, 1.

Antes mesmo das 4h30 da manhã, Railda Santos, de 65 anos, aguardava o momento de deixar seu presente à Rainha do Mar. A engenheira, que há 30 anos mora em Curitiba, conta que desde os tempos da juventude vem trazer um vidro de alfazema e fazer suas preces. “Já fazia cinco anos que eu não conseguia vir, mas este ano deu tudo certo e eu vim pedir paz, prosperidade e saúde”, disse.

Quem também não dormiu para comparecer à festa foi o artista plástico Lelo da Mata, que saiu direto da lavagem do Habeas Copos, na Barra, para o Rio Vermelho. “Estou esperando Carlinhos Brown”, contou. O músico, porém, que todos os anos costuma fazer sua apresentação na festa acompanhado pelo grupo Zárabe, não apareceu.

Presente foi preparado durante a madrugada

Às 5h, com o nascer do sol, uma alvorada de fogos e muitas palmas, chegou à casa dos pescadores o tão esperando presente para a orixá, esse ano confeccionado pelo também morador do bairro Rui Santana. Uma escultura de Iemanjá vestida de ladrilhos brilhantes e adornada por luzes brancas e refletores azuis foi a homenagem escolhida pelo artista, que encantou os presentes.

No barracão, Mãe Aíce, yalorixá do terreiro Odé Mirim que há 21 anos comanda as obrigações religiosas da festa, deu início ao ritual de oferendas com cantos, danças e rezas a Iemanjá. “A gente pede tudo: paz, saúde, prosperidade”, contou a ekedi Filhinha, que acompanha Mãe Aíce desde o seu primeiro ano de festejos.

Filas – Com o despertar da manhã, crescia também a fila de fiéis que aguardavam a vez para deixar as ofertas à deusa do mar. Às 7h, a aglomeração de devotos já tomava mais da metade da Rua da Paciência.

Quem acordou cedo e enfrentou a espera foi Adimere Santana, de 34 anos, que há cinco freqüenta a festa. “Começou com uma brincadeira, eu disse aos amigos que vinha trazer uma rosa a Iemanjá e eles ficaram me cobrando. Aí vim, fiz um pedido e ela atendeu”, disse a engenheira que é católica, mas, depois do episódio, também se tornou devota da orixá.

Outra que teve uma graça atendida foi a professora Lucimeire Rodrigues, de 48 anos.  “Há sete anos, quando meu marido morreu, eu passei por uma depressão muito séria e uma amiga me convenceu a vir conversar com Iemanjá”, afirmou. A melhora, segundo conta, veio pouco depois e, desde então, todo 2 de fevereiro ela traz um balaio com rosas, sabonete e alfazema.

A recepção dos presentes fica por conta do pescador Arnaldo Rezende que “já perdeu a conta” de há quanto tempo participa dos festejos e cuidava dos preparativos desde às 8h de sexta-feira. Cuidadoso, ele pedia aos fiéis que entregassem suas oferendas sem embalagens de plásticos e só recebia os vidros de alfazema sem a tampa. “É para evitar a poluição, né? O meio ambiente agradece”, disse.

A fila ainda era grande por volta das 11h, enquanto devotos continuavam depositando os presentes da rainha do mar. De acordo com  pescadores da Colônia Z-1, que organiza a festa, por volta das 16h, cerca de 300 embarcações deixam a praia e seguem em cortejo acompanhando o barco Rio Vermelho, responsável por deixar os presentes em alto-mar.

Fotos: Fernando Vivas – A Tarde.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1482078-devotos-homenageiam-iemanja-no-rio-vermelho

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