Tania Pacheco
O vídeo acima foi gravado por Frei Gilvander Moreira nos dias 11 e 12 de maio de 2012. Como sempre, com um celular. Na legenda que colocou no Youtube, ele denuncia que por “mais de 400 policiais militares da tropa de choque, do GATE e de outros pelotões da PM de Minas Gerais, as 350 famílias sem-terra e sem-teto da Ocupação Eliana Silva, no Barreiro, em Belo Horizonte, MG, Brasil, foram despejadas de forma ilegal, truculenta e injusta, sem nenhuma alternativa digna. O povo resisitiu durante 48 horas. Muitas agressões e violência sem fim foram cometidas. (…) Mães foram impedidas de entrar na ocupação para pegar remédios para suas crianças que estavam com bronquite e outros problemas”. Ao final, uma informação a mais: “Belo Horizonte, MG, Brasil, 13/02/2012, dia das mães, dia em que poderosos de Minas ofereceram fel às mães da Ocupação Eliana Silva”.
No final de maio, Frei Gilvander andou por outras plagas. Foi a Januária, onde entrevistou quilombolas (de Brejo dos Crioulos), o povo Xabriabá, nosso companheiro Ruben Siqueira e outr@s, denunciando não só a transposição do Rio São Francisco, como outras injustiças do Norte de Minas. Na Tevê Comunitária de Belo Horizonte (também acessível via internet, em www.tvcbh.com.br), Frei Gilvander mantém um programa chamado “Palavra Ética”, no qual entrevista as mais variadas pessoas. Semana passada, dia 28 de junho, o entrevistado foi Lucas Henrique Mota (o Mc Lucas), da Ocupação-comunidade Zilah Sposito/Helena Greco, em Belo Horizonte, que contou um pouco da sua história nas ruas de Belo Horizonte, na companhia de sua mãe, passando pela Ocupação de Sarandi (a entrevista está abaixo, em seguida a outra sobre a Ocupação Eliane Silva).
Capaz de passar 48 horas seguidas numa Ocupação para garantir as vidas da comunidade contra a truculência policial, Frei Gilvander é, acima de tudo, um entrave à violência e à corrupção da especulação imobiliária em Belo Horizonte. E é essa, sem dúvida, a ameaça maior que ele e seu celular representam para o capital e seus asseclas.
“Todos nós somos iguais. Nesse mundo desigual, temos muito que aprender”, canta Lucas Henrique Mota, o Mc Lucas. E Frei Gilvander Moreira, Carmelita com um celular nas mãos, é sem dúvida um guerreiro que ameaça todos os que pensam que as cidades são propriedades suas, e que as comunidades urbanas – pobres, negras/nordestinas – são habitadas por nada mais que escravos modernos. Escravos cuja permissão para sobreviver nas periferias inóspitas só deve ser permitida como mão de obra descartável, sem direito à moradia e à vida digna.
Abaixo, mais dois vídeos. O primeiro ainda sobre a destruição da Ocupação Eliana Silva. O segundo, a entrevista com Lucas Henrique Mota, o Mc Lucas. Fora isso, todo o nosso apoio a Frei Gilvander Moreira, pois sua luta é também nossa.
Entrevista com Lucas Henrique Mota, o Mc Lucas: