Atraso no repasse de recursos para pagar funcionários do Distrito de Saúde Indígena (DSEI) prejudica mais de 20 mil pacientes
Leandro Prazeres
Mais de 24 mil indígenas que vivem na região de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus) estão, desde a última terça-feira (16), sem atendimento de saúde em suas comunidades. A interrupção das atividades se deve ao atraso no repasse dos recursos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a ONG que atua na região. Com os salários atrasados há quase dois meses, os profissionais de saúde prometem fazer uma greve caso a situação não seja resolvida até o próximo dia 29.
A interrupção no atendimento de saúde básica dos índios de São Gabriel da Cachoeira começou na última terça-feira (16), quando a última equipe que estava em campo retornou à sede do município. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Alto Rio Negro é o maior do Brasil em extensão territorial e o segundo em população atendendo a 24.355 indígenas.
O DSEI Alto Rio Negro é composto por 19 polos-base localizados nos principais rios da região conhecida como “Cabeça do Cachorro”. É nesses polos que o atendimento de saúde básica é prestado à maior parte dos índios que vivem na área. Algumas comunidades estão a mais de 10 dias de viagem da sede do município. Apenas os casos mais graves são encaminhados à cidade para atendimento.
Os enfermeiros, técnicos de enfermagem e dentistas são contratados de forma terceirizada pela Associação dos Trabalhadores de Enfermagem de São Gabriel da Cachoeira (Atesg), que recebe repasses da Funasa. Entretanto, desde que a Funasa começou a atrasar os repasses, os funcionários da ong estão sem receber seus salários.
Segundo o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Abraão França, a interrupção do atendimento nas comunidades de São Gabriel da Cachoeira, infelizmente, não é uma novidade. “Não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece. Isso vem se arrastando há mais de dois anos e é culpa do governo que promete uma coisa e não está cumprindo. Já fizemos nossas reivindicações, mas até agora não teve resultado nenhum”, afirma.
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