Por Egon Heck
O azul do céu e uma leve brisa envolveram Campo Grande no último domingo,10 de julho. Se uniram aos milhares de fiéis que vieram dar as boas vindas a dom Dimas Lara Barbosa durante sua posse como arcebispo de Campo Grande. Dom Vitório, depois de estar por 25 anos a serviço desta igreja local, se despediu emocionado, entre lágrimas e aplausos. Foram mais de três horas de ritual, com a presença de quase duas dezenas de bispos, do regional Oeste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de outros estados, especialmente do Rio de Janeiro, onde dom Dimas era bispo auxiliar. Além da multidão de fiéis vibrantes, várias autoridades civis e militares se fizeram presentes na celebração de posse.
Dom Dimas chega com grande esperança e entusiasmo para a Arquidiocese de Campo Grande. Seu carisma, experiência como bispo e secretário geral da CNBB (2007-11), tem visão ampla da missão da Igreja, compromisso com a caminhada de toda a igreja local, com especial atenção pelos “rostos que nos interpelam”, como lembra a Conferência de Aparecida. “Rostos doloridos, dos povos indígenas, dos quilombolas, dos à beira da estrada, dos desprotegidos de seus direitos”. A eles certamente dom Dimas devotará especial atenção e amor, no seu ardor profético a partir de seu compromisso com o Evangelho. Em sua fala dom Dimas ainda deixou claro que, coerente com seu lema, buscará ser uma presença de “portas escancaradas”, num permanente “servir, com alegria”.
Os povos indígenas do Mato Grosso do Sul, em especial os Kaiowá Guarani, que por ele foram visitados no ano passado, acreditam que terão, em dom Dimas, uma importante e solidária força e apoio na difícil e desigual luta pelos seus direitos, especialmente a terra. Ainda neste final de mês, dia 31, com a posse de dom Ettore, na nova diocese de Naviraí, mais esperança de vida e justiça sopra no cone sul deste Estado.
Ao chegar em Campo Grande, dia 8, dom Dimas, mostrou sua disposição de conhecer melhor a realidade do Mato Grosso do Sul, procurando visitar as diversas regiões. ”Em relação à questão indígena no estado, o arcebispo explica que a Igreja deve estar presente em todos os lugares e amparando todos os povos, porém deixou claro que acredita haver uma falha por parte dos órgãos ligados à situação nas aldeias de Mato Grosso do Sul“, afirmou o arcebispo em matéria publicada pelo site www.midiamax.
Apesar dos povos indígenas não terem participação direta na celebração, eles foram lembrados em vários momentos. Irmão Silvio, em nome da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e o próprio dom Dimas, expressaram, em suas falas o compromisso com essa parcela do Povo de Deus. Além disso, o Cimi fez uma faixa de boas vindas e esteve presente através de quase todos os seus missionários que atuam em defesa da vida e direitos desses povos e pela construção de uma sociedade com mais justiça, respeito à pluralidade, em solidariedade, compromisso e testemunho junto aos mais oprimidos da sociedade.
Parceria, porém com autonomia e espírito crítico
Dom Dimas lembrou ainda a profundidade que a igreja representa na sociedade. ”O estado é laico, mas não ateu. O povo brasileiro é profundamente religioso. Queremos estar ao lado e trabalhando juntos, fazendo o exercício da correção fraterna. Espero não precisar levantar a voz na defesa dos direitos e da justiça. Se for preciso o farei”. Ele disse também que o grande desafio é construir a civilização do amor, baseado na justiça.
A esperança de quem chega e a gratidão a quem por tantos anos esteve a serviço da arquidiocese de Campo Grande foram a tônica da marcante celebração.
Dom Dimas encerrou a solenidade agradecendo a todos os presentes, em especial aos meios de comunicação que estiveram presentes em grande número.
http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=5672&eid=352