Rio Grande do Sul tem 72 processos para titulações de quilombos

Comunidades precisam encaminhar relatório para a Fundação Palmares

As comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana, que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o país existam mais de três mil comunidades quilombolas.

Na Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio Grande do Sul existem 72 processos de regularização fundiária de territórios quilombolas abertos. O coordenador de Projetos Especiais do Incra no Estado, José Rui Tagliapietra, salienta a formulação do relatório como um dos passos mais importantes na busca do reconhecimento.
– O relatório é que traduz a história e a trajetória da comunidade. A trajetória de resistência, a trajetória de ocupação do território. Toda a visão de uma cultura dos antepassados. O relatório é que mostra como a comunidade vai recuperando sua história – afirma. (mais…)

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Famílias que vivem sem energia elétrica mostram desigualdade social no “Velho Chico”

Remanso, Casa Nova, Pilão Arcado, Sobradinho, Buritirama e Paratinga – A riqueza da bacia do Velho Chico não esconde a desigualdade social ao longo do vale. O mesmo rio que ajudou a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), maior geradora de energia do país e segunda em transmissão, a registrar lucro líquido de R$ 2,1 bilhões em 2010 – 140% a mais do que os R$ 905,9 milhões apurados em 2009 – é testemunha de homens e mulheres que vivem em casebres de cidades baianas onde a energia elétrica ainda é sonho distante. O parque gerador da Chesf explora outros leitos, como o Parnaíba, na divisa do Piauí com o Maranhão, mas suas principais usinas são movidas pelas águas vindas da represa de Sobradinho, um dos maiores lagos artificiais do mundo, com 4,2 mil quilômetros quadrados.

O aposentado Osvaldo dos Anjos e sua mulher, Noemis Araújo Ramos, moradores da área rural de Buritirama, no sertão da Bahia, vivem a cerca de 40 quilômetros de Barra, onde o leito do rio começa a ganhar a forma da represa de Sobradinho. Apesar da proximidade com o lago, classificado por especialistas como o pulmão das usinas de Paulo Afonso, na cidade homônima, os quatro filhos do casal jamais tiveram o prazer de assistir à televisão em casa. Curiosamente, um poste que ajuda a levar energia a outros pontos da região está instalado no quintal da casa da família. (mais…)

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Rio São Francisco reflete virtudes e problemas da economia brasileira

Nenhum rio retrata tão bem a realidade do país quanto o São Francisco, o maior leito exclusivamente brasileiro, com 2,8 mil quilômetros de extensão. Da pacata São Roque de Minas, onde ele brota entre pedras da Serra da Canastra, à cidade colonial de Piaçabuçu (AL), lugarejo em que é engolido pelo Atlântico, o Velho Chico serpenteia montanhas, corta vales, atravessa a caatinga, rasga cânions e testemunha tanto a desigualdade social – longe de ser erradicada de suas margens – quanto os novos rumos da economia das cidades que compõem a imensa bacia.

O Estado de Minas percorreu municípios dos cinco estados banhados pelo São Francisco – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Ao longo da caminhada, uma constatação: o chamado Rio da Integração Nacional é também espelho da economia brasileira. Por sua bacia navegam novos e audaciosos projetos que fomentam diferentes atividades produtivas.  (mais…)

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Nota pública do Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA/UFPA) e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS)

“As árvores são nossas irmãs” (Zé Cláudio)

A área do Projeto Agroextrativista (PAE) Praia Alta Piranheira foi um maciço castanhal que só os moradores mais antigos conheceram. O castanhal foi explorado durante muito tempo por uma família de Marabá, que se dizia “dona”, e por centenas de famílias que coletavam livremente os produtos generosamente cedidos pela natureza. Além da castanha, eram e ainda são facilmente encontrados na floresta do PAE produtos como açaí, andiroba, cupuaçu, diferentes tipos de cipós, ervas medicinais e muitas espécies madeireiras de alto valor econômico.

Na década de 1990, um grupo de famílias apoiado por organizações não governamentais e governamentais deu início à solicitação de criação do PAE Praia Alta Piranheira. Entre essas famílias encontravam-se JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO DA SILVA (Zé Cláudio) e sua esposa MARIA DO ESPÍRITO SANTO SILVA (D. Maria). Zé Claudio e D. Maria eram os mais fervorosos defensores da criação do PAE por acreditarem na possibilidade de se estabelecer uma relação diferente com a natureza. Finalmente criado em 1997, o PAE abrigava mais de 300 famílias de agricultores que se propunham a explorar a natureza de uma forma distinta da comumente adotada na região.

Zé Claudio e D. Maria exercitaram essa nova proposta ao extremo: transformaram seu lote em um laboratório de experiências que demonstrava uma convivência mais harmoniosa entre homem e natureza e, mais que isso, acabaram se tornando sentinelas da preservação e transformando seu espaço de vida em uma zona de resistência ao desmatamento. Com quase 15 anos vivendo no mesmo lugar, o casal mantinha 80% do seu lote preservado. Essa façanha era motivo de orgulho para Zé Claudio e D. Maria. Por essa peculiaridade, em uma região onde predomina o desmatamento, não demorou muito para que o lote de Zé Claudio e D. Maria chamasse atenção de pesquisadores, da mídia, além de servir de estímulo e exemplo para centenas de famílias de agricultores que intercambiavam conhecimentos com o casal. (mais…)

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Desde 2008, mata atlântica perdeu mais de 311mil Km²

A Mata Atlântica perdeu 311 quilômetros quadrados de floresta em dois anos, uma área maior que 30 mil campos de futebol. Os números são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado na última quinta-feira, pela ONG Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O atlas avaliou a situação de remanescentes da vegetação original em 16 estados que fazem parte do bioma: entre eles, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais – onde o desmatamento foi maior – no período de 2008 a 2010. Só no estado, foram derrubados 124 quilômetros quadrados de vegetação nativa. Bahia e Santa Catarina aparecem em seguida, com 77 quilômetros quadrados e 37 quilômetros quadrados a menos de florestas no período. (mais…)

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Só vai sobrar a lua cheia, por Maria Rita Kehl

Amigo muito querido,

Repito aqui o que escrevi na mensagem particular: você pode ter muitos medos, mas não é covarde. Costumo dizer a meus pacientes que coragem não é exatamente igual a destemor: coragem é a força que precisamos acionar justo diante do que tememos. Os medos de que você se fez íntimo desde tão pequeno, dos quais não faz segredo e até fatura parte de seu charme, os seus medos queridos, se assim posso dizer, também te exigem coragem. Se não fosse assim, não poderia conviver com eles. Porém – e como dizia Plínio Marcos, sempre existe um porém – eu que te observo desde 1987 (antes já te conhecia mas não te observava) afirmo aqui, outra vez, o que já devo ter dito de viva voz com minha falta de diplomacia crônica: o pior remédio para o medo é eleger a segurança como medida da vida. Quanto mais você se protege, mais alimenta os fantasmas. Quanto mais fecha a porta de casa, mais o mundo se afigura ameaçador.  A estratégia contrafóbica de quem conviveu com a fobia, no meu caso, é esta: tá com medo? Vai lá. Confere o tamanho da encrenca, veste o lençol do fantasma, espia com cuidado, na beirinha do abismo, a paisagem lá em baixo. Quase sempre dá certo. Não sempre.

Quando fiz sete anos, minha família se mudou para um sobrado bem maior do que a casinha térrea a que já me acostumara. No início, sentia pavor de subir sozinha, à noite, até o segundo andar. Inventei de brincar com o suposto perigo: subia as escadas no escuro e testava em quantos cômodos era capaz de entrar sem acender a luz. Ia suspensa, palpitante, com a respiração presa até o momento em que um tremor vindo de dentro do corpo me obrigava a acender a luz de onde estivesse e correr, com todas as pernas, de volta para a sala onde estavam meus pais, a quem nunca contei qual era o jogo. Brinco disso até hoje, com outras escuridões. Às vezes vale o que encontro, às vezes não – mas ainda assim, vale o jogo. E o frisson. Já te mostrei este velho poema, “Caminhar no escuro”, lembra dele? (mais…)

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Zezé Perrella (PDT) tem patrimônio invejável que o TRE desconhece

Primeiro suplente do senador Itamar Franco é rei das pastagens e guarda uma riqueza que os eleitores não sabem

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Vista da Fazenda Guará, em Morada Nova de Minas, propriedade de Perrella avaliada em R$ 60 milhões

 

“É uma fazenda muito grande. Tem terra e boi, daqueles…nelore, pra todo lado. Para entrar na granja de porcos tem que usar máscara e roupa especial. A casa fica no fim de uma rua de pedra. E sabe, ele é bom para os funcionários. A única coisa ruim são as estradas. Ele mesmo só vem de avião”. Este foi o relato de uma senhora que já trabalhou na fazenda do “rei do campo” e dá uma pequena dimensão de uma das propriedades rurais mais completas do Estado. Todo morador de Morada Nova de Minas, a 300 Km de Belo Horizonte, sabe na ponta da língua de quem é a Fazenda Guará: Zezé Perrella (PDT). O cartola dos gramados de futebol também é rei das pastagens. Mas os eleitores não sabem que o ex-deputado e primeiro suplente de senador guarda tamanha riqueza. (mais…)

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Morador de rua da capital vive sem documento, cobertor e dignidade

Fiscais da Regional Centro-Sul são acusados de tomar, à força, objetos pessoais de mendigos de Belo Horizonte
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Sem-teto acusam abordagem de servidores da Regional Centro-Sul de truculenta

Moradores de rua da área da Administração Regional Centro-Sul estão sendo privados de cobertores e até de documentos de identificação. A denúncia é de movimentos e entidades como a Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte, a Toca de Assis e o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH).

Todos afirmam que fiscais da Gerência Regional de Ações Sociais no Hipercentro cometem abusos durante a abordagem dos moradores. Os funcionários da prefeitura estariam tirando à força objetos pessoais dessa população, prática tida como incabível pelo parecer 9.594 de 2010 da Procuradoria Geral do Município. (mais…)

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Entre cantos e chibatas – conversa com Lilia Schwarcz

A convite do blog do ims, a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz analisou uma série de imagens que retratam o negro na sociedade brasileira e pertencem ao acervo do Instituto Moreira Salles. São fotos sobretudo do século 19, reveladoras de contradições de um período em que o Brasil teve fotógrafos de objetivos distintos, que vão da criação de uma imagem apaziguadora da escravidão ao levantamento amplo das diferentes funções dos escravos até a Abolição.

Bloco 1: Deusas e mucamas

Nesta primeira parte, Lilia Schwarcz observa as semelhanças e disparidades nas imagens capturadas ao ar livre ou em ateliê. A antropóloga se apoia em definição de Susan Sontag, segundo a qual a “fotografia serve à mentira”, para definir o que é jogo de cena. E é justamente esse falseamento que ela identifica nos ateliês dos fotógrafos: “Tudo é uma mentira, tudo é uma composição”. Chamam atenção as negras expostas como mulheres sensuais e aquelas que se ornam com fidelidade às origens. (mais…)

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Até produtos orgânicos já contêm transgênicos

Organismos geneticamente modificados (OGMs ou transgênicos) se tornaram ingredientes tão comuns em produtos industrializados que é impossível deixar de encontrá-los nas prateleiras dos supermercados, mesmo na maior rede de produtos orgânicos dos Estados Unidos – a Whole Foods Market. Alimentos orgânicos deveriam ser, por definição, livres de transgênicos. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo, 30-05-2011. (mais…)

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