Mato Grosso decreta situação de emergência após morte de 35 índios

A situação da Saúde pública é precária. Esse é o principal problema enfrentado pelos índios de Campinápolis, interior do Estado

O município de Campinápolis, localizado a 500 quilômetros da capital Cuiabá, é a região do País que mais concentra indígenas da etnia Xavantes. São mais de 9 mil índios vivendo no município.

Desde o início deste ano o número de óbitos de índios registrados no município corresponde à metade dos óbitos registrados durante todo o ano de 2010. Somente nos primeiros meses de 2011, 35 índios morreram, dentre esses, 34 são crianças e uma mulher.

O sistema de saúde pública é um dos principais problemas enfrentados hoje no município e somente após tantas mortes de índios, o governo de Mato Grosso decidiu decretar estado de emergência na cidade. A medida emergencial foi tomada para que o governo federal agilize a liberação de recursos para construção de uma nova unidade de atendimento aos índios – Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai). Pois a atual unidade não tem nenhuma condição de abrigar ninguém.

De acordo com o tenente-coronel Agnaldo Pereira de Souza, que é ex-superintendente da Defesa Civil de Mato Grosso, “é desumano, os indígenas ficam todos misturados, deitados no chão, num ambiente mal iluminado, dominado pelo calor, mofo e mau cheiro. Muitas das crianças estavam com sarna e não havia nenhum tipo de isolamento, pelo contrário, elas se misturavam às outras”.

O Casai é o local que, em teoria, deveria servir para a recuperação do índio, após ele receber o tratamento no hospital. “Ao invés de melhorar, eles pioram e morrem”, concluiu Agnaldo.

A falta de estrutura do Casai, no entanto, é apenas mais um dos problemas que contribui para a alta taxa de mortalidade entre os Xavantes. Nas aldeias, faltam profissionais de saúde, equipamentos e veículos para levar os indígenas, muitos desnutridos e com doenças respiratórias, ao Hospital Municipal de Campinápolis. “Eles já chegam bem debilitados”, afirma o Secretário Municipal de Saúde de Campinápolis, João Ailton Barbosa.

Ele atribui esses problemas à mudança na gestão da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, ocorrida em outubro do ano passado. Na ocasião, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) substituiu a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) nos trabalhos. “Durante a transição houve a falha na reposição das equipes e da montagem da nova estrutura. Essas falhas ainda estão sendo corrigidas”, disse.

Porém, as mortes também estariam relacionadas ao desvio de recursos recebidos pela prefeitura de Campinápolis do governo federal. A Controladoria Geral da União em Mato Grosso aponta que pelo menos R$ 14 milhões do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e da Funasa foram desviados. A quantia representa 10% do total da verba recebida pelo município no ano passado. Foi instaurado um inquérito policial para investigar o caso.

O Ministério Público Federal (MPF) também começou uma investigação e no momento está colhendo informações para decidir qual a providência a ser adotada. Não está descartada uma ação contra o próprio município, a Sesai e a Funasa. (com IG)

http://www.expressomt.com.br. Enviada por Ricardo Verdun.

 

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