O olhar dos fotógrafos Álvaro Villela, Márcio Lima e Rita Cliff sobre a vida em comunidades quilombolas distantes dos centros urbanos está na exposição Gente de Quilombo, que será aberta novamente ao público no dia 25 de abril (segunda-feira), às 18h, na Casa da Música (Itapuã). Esta é a segunda temporada de exposição, que teve início no Palácio Rio Branco integrando o Encontro com as Culturas Populares e Identitárias, que aconteceu de 23 a 29 de outubro de 2010, evento realizado pela Secretaria de Cultura do Estado -SecultBA com patrocínio do Ministério da Cultura – MINC.
A exposição reúne imagens das comunidades de Barra e Bananal (Rio de Contas), Mangal Barro Vermelho (Sítio do Mato) e Rio das Rãs (Bom Jesus da Lapa), que foram os primeiros quilombos baianos a garantir a titulação da terra. As fotografias revelam rostos, lugares, horizontes e gestos transformados em poesia visual, sem perder a força documental, sem deixar de traduzir a história de luta do povo quilombola.
Gente de Quilombo evidencia a relação dos quilombolas com o território onde seus ancestrais fincaram raízes. “O que cada um trouxe em suas câmeras foram registros estéticos e éticos de um povo. Povo num sentido comum à Idade Média: como pessoas que pertencem ao lugar”, define a curadora da exposição, a artista plástica Lanussi Pasquali. Ela acredita que a intensa migração do campo para a cidade ocorrida no Brasil a partir da década de 40 nos roubou a noção de pertencimento, mas que este sentimento sobrevive entre alguns povoados, notadamente as tribos indígenas e os quilombolas.
Único dos fotógrafos de Terra de Quilombo que tinha convivido com a comunidade retratada (Barra e Bananal) antes do projeto, Álvaro Villela acredita que os rostos, mais do que qualquer aspecto cultural, traduzem este pertencimento e o histórico de luta. “A força das suas faces me parece ser a herança mais marcante da ancestralidade dos quilombolas”, considera.
Márcio Lima e Rita Cliff fizeram os primeiros contatos com os quilombos de Mangal Barro Vermelho e Rio da Rãs, respectivamente, já com a exposição em mente, mas isso não os impediu de mergulhar no cotidiano dessas comunidades. Com formação antropológica, Rita afirma que um momento de receio diante de uma presença estranha, “estrangeira”, é normal, mas que logo os quilombolas permitem que o visitante tome parte do dia-a-dia local.
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