Por Fernanda Lopes
No Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, são notáveis as conquistas da população negra. E a Palmares, além de noticiar esses avanços, difunde o que é publicado em outros veículos de comunicação, funcionando com um termômetro da luta contra a discriminação. Na seção Outras notíciasdos últimos dias, por exemplo, o portal da Fundação registrou um número considerável de iniciativas de combate ao racismo.
Na seção, é possível acompanhar notícias sobre cultura negra, comunidades quilombolas, religiões de matriz africana, além dos avanços e conquistas do movimento negro. Entre os avanços, as práticas de racismo que estão sendo denunciadas e punidas, demonstrando que a luta contra o preconceito tem surtido efeitos positivos no Brasil, apesar de ainda não ter a força que se espera para combater o mal.
MULTAS – Em Cuiabá, por exemplo, o juiz Yale Sabo Mendes, do 5º Juizado Especial, condenou uma empresa de transporte rodoviário a pagar R$ 15 mil a uma usuária, por danos morais. Segundo a ação, a cidadã foi xingada e humilhada, sendo chamada de “macaca preta”, segundo noticiou o jornal Mídia News. Racismo é punível com prisão, mas a penalidade de ordem financeira é um recurso importante para inibir o crime.
Na mesma semana, o Globo Esporte trouxe à tona outro caso de racismo no futebol. O time russo Zenit foi punido em R$ 16 mil, após um dos torcedores mostrar uma banana para o jogador brasileiro Roberto Carlos. Essa não é a primeira vez que o time se envolve em casos de racismo. Em 2008, o time correu o risco de ser eliminado de uma competição, após os torcedores chamarem os jogadores de outro time de macacos.
Um ex-técnico do Zenit confessou que deixava de contratar negros para não criar problemas com os torcedores. A pequena quantia da multa imposta à agremiação tem sido motivo de protestos dos movimentos sociais que combatem o desrespeito aos direitos humanos dos negros, mas o crime não ficou impune, como em outras ocasiões – o que também não deixa de ser considerado um avanço.
ATITUDE – Em contrapartida, o time londrino Tottenham, que também teve casos de racismo contra um de seus jogadores, o atacante togolês Emmanuel Adebayor, afirmou hoje (11) que não tolerará atos de racismo vindo de sua torcida. E disponibilizou um número para que episódios como esses sejam denunciados.
“Não toleramos discriminação de nenhum tipo no clube, no campo ou nas arquibancadas. Se presenciarem algum ato de discriminação, ajudem-nos a eliminá-lo do futebol, nos informando sobre isso”, declararam os diretores do Tottenham, em sua página na internet.
DELEGACIA – No Brasil, o botafoguense Loco Abreu jogou ontem (10) o clássico carioca Flamengo e Botafogo com chuteiras de cores diferentes, uma branca e outra preta. A iniciativa faz parte da campanha “Futebol é raça. Todas elas.”, patrocinada pela empresa Asics. Em meio a tantos casos, o estado do Rio de Janeiro criará uma delegacia especial para atender os casos de racismo.
A criação da delegacia já foi aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado, resgatando um projeto de lei de 2008, que havia sido vetado anteriormente. A medida é vista pelos militantes da causa como uma grande conquista. Mas independentemente de ações de ordem policial ou financeira, preventivas ou repressivas, esses registros demonstram que, de uma forma ou de outra, os crimes de racismo vêm, cada vez mais, sendo punidos no Brasil e no mundo.
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