Representantes indígenas cobram em Brasília compromisso dos responsáveis por secretaria e DSEI Yanomami. Ministro e secretário falam em reforçar participação de comunidades
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o titular da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Antônio Alves, receberam em audiência, na quarta-feira (30/3), Davi Kopenawa Yanomami e Levi Yanomami, acompanhados da advogada do ISA Ana Paula Souto Maior. Eles vieram à Brasília tratar da implantação da autonomia administrativa e financeira do Distrito Especial de Saúde Indígena Yanomami (DSEI Y).
“Uma secretaria que atenda exclusivamente a saúde indígena é reivindicação antiga dos próprios indígenas. E agora é uma realidade. Mas, para que o trabalho da nova secretaria seja consolidado, nós precisamos da ajuda de vocês. São vocês que vão apontar o que precisam e os problemas, antes mesmo que eles aconteçam”, afirmou Padilha. Em 2004, ele exerceu o cargo de diretor nacional de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), conhecendo bem os desafios da Sesai.
Davi Yanomami aproveitou para ressaltar a importância de o responsável pelo DSEI Yanomami ser tecnicamente qualificado, conhecer bem a cultura e a situação da saúde indígena e ser da confiança de seu povo. Seu recado foi claro: é preciso colocar fim às indicações políticas que deixaram um rombo financeiro provocado por graves casos de corrupção na saúde indígena em Roraima, a partir de 2004.
Padilha perguntou como estava a situação do garimpo e Davi respondeu que o problema tem piorado e que a presença de garimpeiros afeta a saúde dos Yanomami, dando como exemplo as mortes que ocorreram recentemente entre essa etnia na Venezuela.
O secretário Antônio Alves comunicou que o DSEI Yanomami logo estará em funcionamento com autonomia administrativa e financeira. Para isso, estariam sendo qualificados funcionários e a Sesai deve firmar convênio para a contratação de pessoal, enquanto o Ministério do Planejamento não autoriza a contratação definitiva de novos funcionários, o que é imprescindível para uma boa gestão do atendimento. Alves garantiu que o processo de fortalecimento do controle social do DSEI vai continuar.
Os Yanomami tiveram o primeiro distrito de saúde indígena, criado na década de 1990, cujo modelo deu origem a criação dos 34 distritos hoje existentes. Protagonistas na luta por um sistema de assistência de saúde adequado às especificidades dos povos indígenas, os Yanomami tiveram papel fundamental para que esse serviço deixasse de ser prestado pela Funasa e fosse criada a Sesai.
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