Digno representante da Câmara na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Bolsonaro agora debocha do próprio Congresso. E aí?

Cartaz no gabinete do deputado: "Desaparecidos do Araguaia. Quem procura osso é cachorro"

TP. [com informações do UOL Notícias]

O mais esdrúxulo de toda a questão bolsonaro é, sem dúvida, o fato de ter sido ele quatro vezes indicado justamente para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em 1999, 2000, 2010 e 2011, ainda que como suplente. Este ano, a indicação para a vaga foi feita pelo líder do PP, Nelson Meuer (PR), “que não cogita a retirá-lo ou trocá-lo por outro parlamentar na comissão”, segundo entrevista para o UOL.

Ontem, dia 31 de março, Jair Bolsonaro apresentou projeto de lei que dá nova redação à Constituição Federal, reservando 50% das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados para as populações negras e pardas. Em entrevista divulgada pelo site, foi claro no seu intuito de “ironizar” o que considera “a indústria das cotas do país”:

“Se o sistema de cotas é justo para o ensino, deve também ser a representação federal. Mesmo sendo autor da proposição, por coerência, votarei contra essa matéria”, disse no texto do projeto. E acrescentou: “Não chega ao deboche, eu chamo a atenção. É irônico, mas sério, que a gente chama a atenção para a indústria das cotas neste país. (…) E é irônico e para chamar a atenção do parlamento, quem é a favor de cota, de concurso etc. para preencher cadeiras na Câmara, no Senado, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Duvido que aprove, é um desafio”.

No site há, ainda, um ótimo trabalho sobre posicionamentos igualmente inaceitáveis defendidos pelo deputado, ao longo de seus mandatos, com fotos e frases que os sintetizam. São frases de um verdadeiro defensor: da homofobia, dos massacres como o do Carandirú, dos assassinatos sumários, da pena de morte, da ditadura. Dentre elas, destaco uma, que inclusive não diz respeito ao assunto atualmente em debate:

Há pelo menos quatro petições na internet, pedindo a sua cassação. O Ordem dos Advogados do Brasil e diversas outras instituições estão movendo processos contra ele. E, no entanto, há na Câmara quem ainda defenda sua “imunidade parlamentar” e seu “direito à liberdade de expressão”. De preferência com uma cadeira na Comissão de Direitos Humanos e Minorias?

Isso, sim, talvez seja o deboche maior, que agride, enoja e revolta todas as pessoas que acreditam nos Direitos Humanos e na democracia.

Mais detalhes em http://noticias.uol.com.br/politica/2011/04/01/apos-polemica-deputado-jair-bolsonaro-voltara-a-programa-para-se-explicar.jhtm

 

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