“A obra de Marx pode ser lida como um relato de longo prazo e como um testemunho direto de uma época que nos pertence inteiramente e que não acabou”. A análise é do historiador italiano Lucio Villari, professor da Università degli Studi Roma Tre, em artigo para o jornal La Repubblica, 17-12-2010. A tradução é deMoisés Sbardelotto. Eis o texto.
“O mais triste neste momento”, escrevia Marx à filha Jenny em 1881, “é ser velho. O velho pode apenas prever, ao invés de ver”. E, no ano seguinte, poucos meses antes de morrer, a um amigo que lhe propunha uma edição completa das suas obras, Marx respondia que devia “ainda escrevê-las”.
Essas reflexões, cansadas e amargas, têm um sentido. Marx pode, de fato, ser também relido, como se faz com os clássicos da literatura ou da poesia, sobretudo porque a sua obra maior, o Livro Primeiro de “O Capital” (o segundo e o terceiro foram terminados e editados por Friedrich Engels), foi escrita – são palavras suas – segundo um projeto fundamentado em “considerações artísticas” e depois porque essa obra foi, por mais de um século, um ponto de referência para milhões de pessoas. Embora tenha sido lida por uma minoria. (mais…)
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