Índios do extremo Norte de Mato Grosso exigem novamente a demarcação da terra “Kapot Nhinore” pelo governo federal. A área é considerada sagrada e faz parte da tradição das tribos da região. No encontro realizado este mês, lideranças de 3 etnias apresentaram um manifesto que cobra a posse da terra para também combater o desmatamento, a matança de animais e a pesca predatória.
A área Kapot está localizada próxima ao rio Xingu, entre os estados de Mato Grosso e Pará. O encontro “Um grito pelo Xingu” aconteceu entre os dias 11 e 14 de dezembro, mas o documento só foi divulgado ontem (16). Eles pedem que haja divulgação das “demandas para que o povo brasileiro se inteire das injustiças cometidas contra os indígenas”.
O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Colíder (650 km ao norte de Cuiabá), Megaron Txucarramãe, afirmou que está havendo muito desmatamento à margem do Rio Xingu. “Estão invadindo toda a área, acabando com os animais. Em 2011, vamos fazer um trabalho grande lá, vai ter conflito para não pescarem e não jogarem lixo”.
Segundo Megaron, quanto mais os índios aguardam para a demarcação “mais gente invade” a área. Os principais “inimigos” do meio ambiente são fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais.
As etnias que estão questionando a situação são Mebengokre, Tapayuna e Yudjá Juruna, argumentando que estudos comprovaram a existência de aldeias, cemitérios, roças antigas e dos locais sagrados.
“Como, por exemplo, as aldeias Txameriambu (Yudjá Juruna) e Kukritkré (Kayapó), região onde, inclusive, estiveram os irmãos Villas Bôas nos primórdios dos contatos com os Mebengokre. É em Kapot Nhinore que está enterrado o pai do grande cacique Raoni Metuktire, e aqui nasceram e se criaram grande parte dos atuais caciques da região do Xingu”, diz o manifesto.
Os indígenas afirmam que aguardam a delimitação há vários anos, mais precisamente desde a década de 1980.
“O Rio Xingu (Bytire, na língua Kayapó), por exemplo, sofre constante invasão de pousadas clandestinas e isso atrai milhares de pessoas, poluindo o rio e matando os animais. Reivindicamos o direito legítimo que nossos filhos e netos têm de viver em harmonia com o meio ambiente”.
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