“Uma confluência de abordagens recentes, oriundas de campos de debates distintos, tem apontado para o desenho de um campo temático novo, que fica a meio caminho entre a História e a Antropologia; entre a sociologia do campesinato e os estudos de etnohistória; entre a reflexão sobre os modos sociais de lembrar e de abordar o tempo e a historiografia de temas consagrados como a terra e a escravidão.
A emergência de um movimento social quilombola e sua demanda pelo reconhecimento de direitos territoriais reivindicados com base em um modo de ocupação tradicional deu lugar, por sua vez, à produção de “laudos antropológicos” de identificação territorial, ao modo do que já ocorria no caso das áreas indígenas. Tais trabalhos, centrados fundamentalmente na abordagem da memória da ocupação e dos usos sócio-culturais do espaço, acabaram despertando grande interesse pelas evidências históricas inéditas que foram capazes de gerar, absolutamente desconhecidas, ou ao menos desconsideradas, pela historiografia tradicional. (mais…)