Durante todo o governo Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Cultura, chefiado por Francisco Weffort, viveu uma das piores experiências culturais, na qual a área dos museus foi mantida sem nenhuma centralidade, sem visibilidade, sem articulação, sem recursos e sem poder de ação.
A ideologia e as práticas neoliberais do governo do PSDB recomendavam aos diretores de museus: “virem-se!”. Nessa linha, os museus públicos, viveram à míngua, e seus setores educativos e de pesquisa foram praticamente desativados. A cultura foi tratada como um negócio, e os museus tratados como empresas não-lucrativas e de pouco interesse social. Por isso mesmo, no apagar das luzes do governo Fernando Henrique Cardoso (ideólogo do PSDB) o poder público federal investiu numa tentativa (frustrada pela reação dos trabalhadores do campo da cultura) de privatizar os denominados museus nacionais e municipalizar os denominados museus regionais. Síntese: o governo FHC tinha por meta exonerar-se das responsabilidades sociais em relação à cultura, à educação e aos museus.
O Governo Lula reverteu todo esse quadro e fez mais. Nunca antes na história desse país o campo dos museus e da museologia foi tão amplamente ouvido e apoiado. O orçamento para o campo dos museus cresceu em mais de 500%. Inúmeros projetos, editais e prêmios foram lançados: Modernização de Museus, Mais Museus, Pontos de Cultura, Pontos de Memória, Prêmio Mário Pedrosa, Prêmio Darcy Ribeiro, Prêmio Mario de Andrade e outros.
O investimento do Governo Lula nas universidades é inegável e isso se reflete de modo claro no campo museal. Em 2003, existiam no Brasil apenas dois cursos de museologia, ao nível de graduação. Hoje, existem no país 14 cursos de graduação em museologia (UNIRIO, UFBA, FEBAVE, UFPEL, UFRB, UFS, UFOP, UFRGS, UFPE, UnB, UFSC, UFG, UFMG, UFPA) e um Programa de Pós-graduação (UNIRIO).
Entre 2003 e 2010 foram também criados o Sistema Brasileiro de Museus, o Observatório Nacional de Museus, o Cadastro Nacional de Museus, o Fórum Nacional de Museus, a Semana Nacional de Museus, a Primavera de Museus, o Programa Nacional de Formação e Capacitação em Museologia, o Programa dos Pontos de Memória, o Estatuto de Museus e o Instituto Brasileiro de Museus, além de um Programa Editorial potente e de grande impacto social.
Por tudo isso, nós, professores do campo da museologia e dos museus, apoiamos a candidata Dilma Roussef. Ela representa o compromisso com a continuidade da Política Nacional de Museus que, em última análise, significa: ampliação dos investimentos na área da formação profissional, ao nível técnico, de graduação e de pós-graduação; qualificação das instituições museológicas; mobilização e articulação do campo museal visando o desenvolvimento de pesquisas e de projetos educacionais de grande alcance; mais investimentos nos programas de museologia social, comunitária e popular.
A extraordinária potencialização da área dos museus e da museologia veio acompanhada, no panorama nacional, da redução marcante da miséria e da pobreza, da geração de emprego e renda, da valorização da diversidade cultural, do respeito às minorias e do investimento na educação em todos os níveis, o que promoveu a inclusão e a dignidade social de milhões de brasileiros. No campo dos museus e da museologia, o Governo Lula ficará conhecido como aquele que mais investiu e que mais benefícios produziu.
O que o presidente Lula fez pelo Brasil não deve ser jogado fora em nome de interesses econômicos mesquinhos que, travestidos de posturas religiosas, assumem atitudes fundamentalistas e obscurantistas, desrespeitam o direito à diferença e à liberdade de pensamento e querem manter o povo brasileiro na ignorância e no medo. Para isso, em nome de uma ética hipócrita, despolitizam a campanha e lançam mão da calúnia, da difamação e do terrorismo psíquico.
Por tudo isso, nós professores e demais trabalhadores do campo dos museus e da museologia, na dimensão de nossas responsabilidades sociais; nós que desejamos que o país consolide e amplie as conquistas alcançadas, dirigimo-nos à sociedade brasileira para afirmar, com convicção, que apoiamos a candidatura de Dilma Roussef à Presidência do Brasil para que o país continue mudando na direção dos ideais democráticos e republicanos, com mais distribuição de renda, com mais saúde, educação e cultura para todos, com mais direito à memória e à criação.
Mario Chagas – professor da Escola de Museologia e do Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio da UNIRIO
Nilson Moraes – professor do Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio da UNIRIO
Denise Studart – museóloga da Fiocruz
Cláudia Storino – arquiteta do Ibram