Com 81 Anos, Dona Dalva resiste à remoção olímpica na Vila Autódromo

Brooke Parkin – Rio On Watch

Vila Autódromo, na Zona Oeste do Rio, está recebendo uma extrema pressão para remoção, por parte da Prefeitura, em função da preparação para as Olimpíadas de 2016. A maioria dos moradores deixou a comunidade, vendendo suas residências à Prefeitura ou trocando as mesmas por habitação pública. Na quarta-feira, 3 de junho, a situação se agravou, chegando a violentos confrontos com a polícia, o que resultou em seis moradores feridos. Com 81 anos de idade, Dona Dalva está entre aqueles que permanecem resistentes à remoção: “Nós vamos continuar morando aqui. Fiquei aqui porque na época precisava, e preciso até hoje”, ela disse. (mais…)

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Belo Monte, empreiteiras e espelhinhos, por Eliane Brum

Como a mistura explosiva entre o público e o privado, entre o Estado brasileiro e as grandes construtoras, ergueu um monumento à violência, à beira do Xingu, na Amazônia

Por Eliane Brum, El País Brasil

A marca da corrupção no Brasil atual, assim como da relação explosiva entre o Estado e as empreiteiras, tem como símbolo a Operação Lava Jato e a Petrobras, para onde todos os olhos estão voltados. Sem ignorar a enorme importância dessa investigação, há elementos para suspeitar que o símbolo das ligações perigosas entre o público e o privado pode estar também em outro lugar: na construção da polêmica hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, na Amazônia. É ela, um projeto acalentado ainda na ditadura, mas só executado na democracia, nos governos Lula-Dilma Rousseff, que une os fios desencapados da história recente do país, expõe a coleção de mazelas sociais do Brasil e nos obriga a compreender a corrupção também como um ato de extermínio. Belo Monte revela as vísceras de um modo de operação que se consolidou na ditadura, atravessou vários governos da democracia e permanece até hoje. A Amazônia, tanto como criadora de sentidos para o Brasil quanto como lugar concreto onde as disputas entre os vários atores se dá, não é a periferia do país, mas o centro. O que precisamos, talvez, seja deslocar o olhar para ajustar o foco. (mais…)

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A comunidade que já foi derrotada pelas Olimpíadas do Rio

“Bem-vindos” a Vila Autódromo, “a comunidade que venceu o premio internacional de urbanismo”. Ali, espremidos entre o Parque Olímpico —que concentrará as principais atividades das Olimpíadas de 2016— e a lagoa de Jacarepaguá, no meio do gigante canteiro de obras que se tornou a zona oeste do Rio de Janeiro, os adolescentes andam de bicicleta nas ruas de terra batida e as crianças brincam no parquinho. Não há tráfico e nem milícia. O terreno é plano, de fácil acesso. E a vida, mesmo com todas as suas dificuldades, sempre foi tranquila, feliz. Seus moradores, há décadas vivendo lado a lado, batem papo nas esquinas, nos comércios e nos botecos. Mas o assunto parece ser único: resistir a deixar o local. “Todos nós temos medo, mas não podemos nos acovardar”, discursa Maria da Penha Macena, de 50 anos, diante de duas dezenas de vizinhos que, às seis horas da tarde de um sábado, se reúnem na pequena igreja da comunidade

Felipe Betim – El País/ IHU On-Line

Na verdade, o projeto de urbanismo premiado internacionalmente nunca foi implantado. A maioria das casas parecem ter sido bombardeadas —e nesse caso, pela própria Prefeitura do Rio. A tranquilidade é apenas aparente, parte de um passado não muito distante. Hoje, vivendo entre escombros, em um cenário de guerra, 192 famílias (cerca de 800 pessoas) prometem lutar até o final para não terem que deixar a Vila Autódromo. Esse número representa cerca de um terço das 583 famílias (cerca de 2.450 pessoas) que, segundo os moradores, viviam na comunidade até fevereiro de 2014, quando o governo municipal começou a desocupa-la —ao mesmo tempo que, cabe ressaltar, reassentava essas famílias ou pagava indenizações. (mais…)

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Rio de Janeiro: uma cidade ordenada pela segregação. Entrevista especial com Lucas Faulhaber

“Os bairros periféricos acabam sendo uma nova fronteira da expansão da malha urbana no Rio de Janeiro”, adverte o arquiteto

Por Patrícia Fachin – IHU On-Line

As remoções que acontecem em várias regiões do Rio de Janeiro têm raízes antigas que podem ser identificadas no início do século XIX, diz Lucas Faulhaber na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por telefone. (mais…)

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Escavadeira da Prefeitura Danifica Casa e Coloca Moradores em Risco na Vila Autódromo

Brooke Parkin – RioOnWatch

“Meu nome é Pedro. A prefeitura, com a sua draga, derrubou parte do meu imóvel”. Pedro Henrique Berto chegou do trabalho em casa na Vila Autódromo na quarta-feira, 20 de maio, e encontrou uma surpresa inesperada: uma escavadeira da prefeitura fez um buraco em sua casa, tirando um feixe fundamental que apoia a estrutura e deixando a casa em um estado precário. Apesar do perigo imediato e óbvio imposto a ele e qualquer um dentro da casa, a primeira reação dos trabalhadores da prefeitura foi de ignorar os danos e negarem qualquer responsabilidade. (mais…)

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Nota da Comissão da Verdade do Rio sobre a Vila Autódromo

A Comissão da Verdade do Rio vem investigando as remoções forçadas perpetradas pela ditadura militar brasileira, em prejuízo do direito à moradia adequada entre os anos de 1964 a 1985. A pesquisa, orientada por Juliana Oakim e Marco Pestana, observa com atenção que o projeto ditatorial, a fim de promover a exclusão social das populações empobrecidas e o favorecimento econômico da classe dominante, viabilizou as políticas de remoção em áreas nobres do Rio de Janeiro, em uma iniciativa que visava a erradicação das favelas da cidade. Deste modo, favelas há muito tempo estabelecidas na Lagoa, Gávea, Maracanã, etc. sofreram processos de remoção, todos mediante violência, perseguição às organizações de resistência política e sem diálogo com os moradores, que se viram obrigados a morar em bairros distantes de seu local de trabalho, rede de amigos e familiares e sem infraestrutura básica de serviços. (mais…)

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Vila Autódromo: desapropriações ocorrem ao largo de processos judiciais. Entrevista especial com Clarissa Pires Naback

“A Vila Autódromo desfruta de uma relativa segurança jurídica da posse”, afirma a advogada

Patricia Fachin – IHU On-Line

Há um “nó” na situação jurídica da Vila Autódromo, diz Clarissa Pires Naback, ao analisar as remoções que estão sendo feitas na região desde a década de 1990. De acordo com ela, a área onde está situada a Vila é, segundo a Lei Complementar nº 74 de 2005, uma área “destinada para moradia social”. (mais…)

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O Banco Mundial vai mudar mesmo?

Ex-funcionários de alto escalão veem com ceticismo reformas anunciadas pelo Banco Mundial para evitar falhas na proteção das comunidades atingidas pelos projetos que financia. Investigação do ICIJ – com participação da Pública – constatou que 3,4 milhões de pessoas foram prejudicadas

por Sasha Chavkin – Agência Pública

Em março, Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, anunciou que ele e outros funcionários encontraram “grandes problemas” na instituição de desenvolvimento mais conhecida do planeta. Ele afirmou que o Banco Mundial falhou em não se certificar de que os recebedores de financiamentos estavam seguindo as regras para proteger as comunidades na rota de projetos de desenvolvimento. “Nós devemos e vamos melhorar”, disse Kim. (mais…)

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Semana tensa introduz nova política de “remoções relâmpago” em favelas do Rio

Sarah Jacobs – Rio On Watch

Em Santa Marta na Zona Sul do Rio, na Vila Autódromo, próxima ao Parque Olímpico na Zona Oeste, e na Favela do Metrô na Zona Norte, uma série de “remoções relâmpago”–remoções forçadas com pouco ou nenhum aviso prévio e frágil aprovação da Justiça–ocorreram em favelas em todo o Rio de Janeiro na semana passada, em um clima de confusão e tensão no que parece ser uma nova etapa na política de remoção. (mais…)

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As Olimpíadas e as remoções no Rio de Janeiro. Um pacote de imposições draconianas. Entrevista especial com Gerardo Silva

“Certamente o Comitê Olímpico Internacional – COI tem conhecimento sobre o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Mas entende que a questão das remoções não é um problema dele”, diz o pesquisador

IHU On-Line

“A luta da comunidade da Vila Autódromo é a mais emblemática da resistência popular aos megaeventos”, diz Gerardo Silva à IHU On-Line. De acordo com ele, embora as pessoas vivam na Vila há mais de 40 anos, ela “constitui quase uma obsessão para a prefeitura do Rio de Janeiro desde a década de 90”. (mais…)

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