Adital – Um dos frutos do ‘Seminário Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: Desafios e Possibilidades’, que aconteceu nos dias 23 e 24 de setembro, em São Sebastião, São Paulo (SP), é a criação do Comitê Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas que deve atender, além de São Sebastião, os municípios vizinhos como Ubatuba, Caraguatatuba e Ilha Bela, no litoral norte do estado.
De acordo com Priscila Siqueira, coordenadora do Serviço de Prevenção ao Tráfico de Mulheres e Meninas (SMM), uma das entidades que promoveu o seminário, a primeira reunião para montar a equipe do Comitê já será realizada na próxima quarta-feira (13). “Este comitê está tentando descentralizar as ações de São Paulo [capital], porque o ideal é que as regiões específicas [de SP] tenham comitês ligados ao Comitê Paulista”, explicou.
A entidade, segundo ela, deverá atuar com foco na prevenção e redução da prostituição infanto-juvenil, já que, de acordo com dados da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, crianças e Adolescentes (Pestraf), existem rotas do tráfico de meninas na região, que são agravadas e facilitadas pela localização do Porto Marítimo, o maior da América Latina, e pela proximidade da Via Dutra, rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro (RJ).
Outra expectativa com a realização do evento é em relação ao compromisso assumido pelo governo municipal de adotar o Programa de Prevenção nas escolas, iniciativa da SMM, para todas as escolas da região. “A expectativa é que a prefeitura de São Sebastião assuma esse programa para todas as escolas municipais, a partir de 2011”, informou. Durante o seminário também houve o lançamento da Plataforma Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos.
Carta de São Sebastião será entregue aos candidatos à presidência
Priscila comentou ainda sobre a Carta resultante do encontro em São Sebastião, que deverá ser entregue em mãos para os dois candidatos à Presidência da República, a fim de saber qual o posicionamento político deles diante deste problema que afeta boa parte do país. “Queremos saber qual a posição dos dois candidatos, diante desta vergonha nacional que é o tráfico de pessoas, sobretudo de meninas”, declarou a coordenadora.
O documento ressalta que apesar de o Brasil ser um dos maiores ‘fornecedores’ de jovens mulheres, adolescentes e crianças das Américas, que são traficadas para a indústria do sexo nos países do Primeiro Mundo, nenhum dos candidatos presidenciáveis, fala sobre o assunto.
“Podemos dizer que estamos vivendo um momento crucial no país, de eleições presidenciais. É importante que eles [candidatos] tenham consciência da gravidade do problema e da vergonha mundial que é o Brasil fornecer carne fresca [meninas] para o mundo inteiro explorar”, desabafou.
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