A coordenadora da Comissão de Justiça e Paz (CJP) do Regional Norte 2 da CNBB (Amapá e Pará), irmã Henriqueta Cavalcante, há dois anos está jurada de morte. “Estou jurada desde 2009 quando denunciamos um ex-deputado por práticas de pedofilia no estado do Pará. Ele foi condenado a 21 anos de prisão. De lá para cá não sei mais o que é viver em paz. O Estado é omisso na proteção dos defensores dos Direitos Humanos”, afirmou irmã Henriqueta à assessoria de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A informação é do Boletim da CNBB, 23-03-2011.
A religiosa contribuiu para os trabalhos da CPI da Pedofilia da Assembleia Legislativa do Pará. Desde que foi instalada, no final de 2088, a CPI resultou na prisão de vários envolvidos com este crime no Norte do Brasil. Desde então, a irmã recebe telefonemas ameaçadores.
Semana passada mesmo eu recebi uma ligação, vinda de um pedófilo que atua no interior do estado, me ameaçando. Ele sabe onde moro e onde trabalho”, disse a religiosa.
Até o momento, irmã Henriqueta Cavalcante não recebeu nenhum tipo de proteção do Estado, mesmo sendo inscrita no Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Ela se diz vulnerável a todo tipo de atuação das “redes criminosas que atuam no Pará, que a Comissão Justiça e Paz tenta combater”.
“Estou em situação de vulnerabilidade total. Trabalho contra as redes de pedofilia, tráfico de seres humanos e de drogas, trabalho escravo e piratarias nos rios do Pará. Eu e mais 13 pessoas estamos incluídos no programa de proteção do estado, mas não recebemos nenhum tipo de proteção. Já me reuni com o secretário de segurança do Pará duas vezes, e ele alega falta de policiais”, explicou a irmã.
Irmã Henriqueta recebeu, em 2009, a Medalha de Mérito Comunitário “João Meneses”, da Assembleia Legislativa do Pará, destinada às pessoas que se destacam na atuação em defesa da sociedade e realização de trabalhos sociais no estado. Além do Mérito Comunitário, a coordenadora da CJP foi agraciada também com a medalha do Mérito Legislativo “Newton Miranda”, por seu trabalho em defesa dos direitos humanos.
Mais ameaças
Segundo a secretária executiva do Regional Norte 2 da CNBB, Orlanda Rodrigues, somente de janeiro para cá, mais seis pessoas foram ameaçadas de morte no estado. “Estou muito preocupada com a condição de abrigo do Regional, pois a sede do Regional Norte 2 da CNBB, em Belém, é o primeiro lugar onde os afligidos pelos crimes de pedofilia e tráfico de seres humanos vão. Eles nos procuram e relatam os crimes bárbaros de que foram vítimas. Pedem-nos ajuda e proteção, mas como daremos a tal proteção, se nós mesmos não a temos?”, indagou Orlanda.
De acordo com a secretária, tanto o Ministério Público do estado, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Secretária de Direitos Humanos do Pará têm ajudado na acolhida às pessoas que sofrem crimes no estado. Segundo Orlanda, a ilha de Marajó (PA) é uma das principais áreas de atuação da chamada “rede criminosa”.
“Estamos solicitando uma reunião com a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, para mostrar a ela o que está acontecendo no estado do Pará, principalmente na ilha de Marajó”, destacou Orlanda.
Grave situação
Segundo o relatório CPI da pedofilia do Congresso Nacional, divulgado no final de 2010, há registros de crimes sexuais cometidos em todos os 143 municípios paraenses. O Pará é o estado que teve mais casos analisados pela CPI.
De 2004 a 2008, foram registrados 3.558 casos de pedofilia no estado, sendo 3.057 contra meninas e 501 contra meninos. Desse total, 688 crimes aconteceram com crianças com menos de cinco anos de idade, segundo a CPI.
A Ilha de Marajó é considerada pela CPI como um “caso crítico”. Lá, os crimes sexuais seriam favorecidos pelas condições de pobreza que envolvem 40% da população, aponta o relatório. Segundo a comissão, há instalada naquela região uma “rota de exploração sexual”.
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É triste a gente saber que mais uma vida está ameaçada e os governantes nada fazem. Não dão proteção, quando acontece é que vão tomar providencias, isso quando tomam, mas já é tarde demais. Irmã não desanime continue com o seu trabalho, era o que todos nós deveríamos fazer denunciar esses monstros, porque se fazendo justiça é que se constrói a paz. Que Deus e Nossa Sra. ilumine todos os seus caminhos e cubra com seu espírito de amor e paz.E todos os que trabalham com você também