SÃO LUÍS – A certificação da Fundação Cultural Palmares que atesta as áreas quilombolas no país, agora, engloba as comunidades de Alto Bonito e Depósito, localizadas na zona rural do município de Brejo, distante 380 km da capital, como locais remanescentes de escravos. As 60 famílias das comunidades receberam, também, por meio da Secretaria de Estado de Igualdade Racial (Seir), 60 cestas básicas doadas pela Associação de Comunidades Negras Quilombolas Rurais (Aconeruq), em virtude da carência existente nos povoados em consequência do conflito agrário instalado na região.
Tanto a entrega da certificação para Alto Bonito e Depósito, assim como, as cestas básicas foram feitas pela assessora jurídica da Seir, Maria Luiza Marinho, que representou a secretária de Igualdade Racial, Claudett Ribeiro. Segundo a assessora, a certificação da Fundação significa a identidade dos povoados como áreas remanescentes de quilombo. Além disto, possibilitará aos líderes dos povoados a solicitação do título da terra junto ao Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) e Instituto de Terra e Colonização do Maranhão (Iterma).
Conflito
O conflito agrário em Depósito e Alto Bonito confinou as comunidades em uma área de pedregulhos, improdutiva para o cultivo de roças impossibilitando a subsistência das famílias. O presidente da Associação dos Agricultores do Alto Munim, Raimundo Nonato Gomes, conhecido como “Seu Tereso” comemorou a doação das cestas. “Por uns dias, o sofrimento desse povo vai diminuir”, afirmou.
Além de encurralados na área, os moradores de Alto Bonito padecem com falta do abastecimento de água potável. “No passado, tivemos a promessa do Poder Municipal que teríamos água em nossas casas até dezembro. Até hoje, ficamos só na promessa, continuamos tomando água salobra”, lastima Seu Tereso. Os 12 km de distância que separam Alto do Bonito até a sede do município, é outro sofrimento vivido diariamente pelos quilombolas que passam por imensas poças d’água espalhadas pelo barro da estrada vicinal.
Para o presidente da Associação de Depósito, Manuel Natal Bastos, a certificação da Fundação Cultural Palmares é a esperança para o fim do conflito existente no povoado. “Enquanto não resolve a questão da nossa terra, tocam fogo em nossas roças e ficamos sem nada para comer”, lamentou.
As informações são da Secom do Estado.
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