No rol das muitas comemorações de datas históricas em 2008, destacam-se os 200 anos da chegada da família real portuguesa no Brasil em março; os 120 anos da abolição da escravatura, em maio; e um fato histórico contemporâneo: OS 30 ANOS DA CRIAÇÃO DO MNU, em julho próximo.
NOS 120 ANOS DA ABOLIÇÃO: 30 ANOS DE MNU-MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO
No rol das muitas comemorações de datas históricas em 2008, destacam-se os 200 anos da chegada da família real portuguesa no Brasil em março; os 120 anos da abolição da escravatura, em maio; e um fato histórico contemporâneo: OS 30 ANOS DA CRIAÇÃO DO MNU, em julho próximo.
Se chegada da família real marca a fundação do estado brasileiro e a introdução aqui dos elementos da cultura clássica européia: o luxo e a ostentação, também trouxe valores pouco recomendáveis, como os bacanais, a ociosidade, a preguiça, o desprezo pelo trabalho e o acirramento da exploração escravista.
O processo da abolição não se deveu a boa vontade da família real, de D.João, dos Pedros I e II, nem tampouco da Dna. Izabel. Ao contrário, a família real foi a responsável por seu atraso, uma vez que, além de proprietários, financiavam o comércio escravista, fazendo do Brasil, o ultimo pais a abolir a escravidão.
A lei sexagenária, liberou os proprietários de arcar com os custos de assistir o negro que conseguisse sobreviver aos maltratos e a fúria animalesca dos proprietários. Um negro que sobrevivesse a violência desse tratamento, após os 60 anos, era incapaz de sobreviver por seus próprios meios. Era libertado, pois, para morrer a mingua, liberando o patrão do ônus.
A lei do ventre livre de 1871, outra farsa, colocava sob a tutela do estado a criança nascida livre, ou permanecia sob o mando do escravista, proprietário da mãe, que o explorava até os 18 anos.
A Abolição, de 13 de maio de 1888, foi resultado das pressões internacionais, principalmente da Inglaterra, empenhada em conquistar novos mercados consumidores para o excedente da sua produção industrial, e as revoltas populares e dos negros que pipocavam em todo o território brasileiro, e que após a guerra do Paraguai e a vitória dos negros contra os escravocratas franceses no Haiti, tornaram-se um pesadelo para as elites escravista de nossa terra.
Nestes 120 anos, pouco mudou nas relações sócio-econômico-culturais no Brasil. Os grilhões foram substituídos por um instrumento ideológico muito mais eficiente: o Racismo! Que através de mecanismos econômicos, culturais, institucionais e legais, impõem os espaços que são permitidos aos negros, preservando os melhores espaços para os brancos.
Os castigos corporais, foram substituídos por perseguição, prisões e a eliminação física de jovens negros por orgãos de segurança dos governos, a policia, em todo o país.
O racismo segregou os espaços de moradia, de educação, de consumo, através da monopolização dos melhores postos de trabalho e salário pelos euro-descendentes.
Na sociedade, na política, o prestígio e os privilégios, advem da capacidade individual ou coletiva, de possuir-se algum poder econômico, ou ter padrinhos, o que não foi permitido aos negros neste século mais um quinto.
O MNU-MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO, surgiu em 07 de julho de 1978, com ato público em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, em protesto contra as manifestações de racismo: O Assassinato de Robson Silveira da Luz, por policiais, dentro do distrito de Guaianazes – Capital, e a segregação de atletas negros, cestobolistas, do Clube de regatas Tietê, também na Capital-SP, por diretores, que os impediam de entrar na piscina do clube.
O 07 de julho, foi um marco e dia de Gloria para os negros de SP e do Brasil, em plena ditadura militar, milhares de negros desafiam a repressão, e vão para a praça pública gritar em uníssono, o que estava engasgado na garganta de todo um povo, desde a ilegalidade da frente negra em 1937, pela ditadura do estado novo, desde o golpe militar que calou o Teatro experimental do Negro, de Abdias do Nascimento, em 1964: NÃO TOLERAREMOS MAIS O RACISMO E OS RACISTAS!!!; DE AGORA EM DIANTE OS RACISTAS NÃO DORMIRÃO MAIS EM PAZ!!!; ESTAREMOS ORGANIZADOS E VIGILANTES NA LUTA CONTRA O RACISMO!!! E assim tem sido, nestes 30 anos. Novas organizações surgiram, avanços e conquistas ocorreram, mas, praticamente todos beberam e se inspiraram nos Programa de Ação do MNU, nas bandeiras e nas lutas travadas por nossa organização.
O MNU esteve lutas e manifestações contra o regime de aparthaid da África do Sul, pela derrubada da ditadura e por eleições livres no Brasil, no Fora Collor, na Construção da CUT, na Constituinte emplacando bandeiras pelo reconhecimento das terras quilombolas, pela inclusão da história do negro nos currículos escolares, e racismo como crime inafiançável.
O MNU foi tema de artigos, teses e livros. Foi perseguido pela repressão e por governos ditos “democráticos”, com detenção, é o caso de Neninho do Obaluaiê, que por sua militância, mofou 14 anos na penitenciária de SP; com demissões de militantes sindicais: Milton Barbosa, do Metro-SP; Reginaldo Bispo, da Unicamp-Campinas, por governos do PSDB/PMDB. Colecionamos nossos mártires: militantes nossos foram perseguidos, presos e mortos, pela policia e grupos de extermínio.
Militantes do MNU, em Salvador, vem recebendo ameaças de morte, devido a Campanha REAJA OU SERA MORTO OU SERÁ MORTA, do MNU e outras entidades negras de Salvador. A recente acusação de um alto funcionário da secretaria de segurança, de que o MNU “SERIA UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA” pela defesa que faz, naquele estado, contra a matança de jovens negros e por melhores condições aos encarcerados nas prisões públicas da Bahia, que mais lembram navios negreiros, pelo proporção de negros e pela condições fétidas e anti-humanas com que são tratados, nos dão uma idéia de como os carlistas ainda comandam o governo da BA. Será responsabilidade do governo petista de Jaqques Wagner, se algo vier ocorrer com aqueles irmãos e irmãs.
Este ano é especial, muitas manifestações e comemorações serão realizadas em todo o país. Ao reavivamos esta história, renovamos nosso compromisso e disposição para seguir lutando, de forma independente, contra o racismo, em defesa de um Brasil melhor, onde negros e negras exerçam seus direitos inalienáveis de liberdade e cidadania, conscientes e organizados, construindo o CONNEB-Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil e o Projeto Político do Povo Negro para o Brasil, inclusivo e justo, onde os 50% da população, nós e nossas futuras gerações ocupemos os espaços que nos pertencem de direito.
-VIVA O CONNEB!
-CONSTRUIR PROJETO POLITICO DO POVO NEGRO PARA O BRASIL!
-LONGA VIDA AO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO!