Crônica de um jornalismo que regrediu ao Facebook

Incapaz de examinar e debater grandes temas nacionais, velha mídia compartilha comentário de rede social como furo de reportagem e busca curtidas ao invés de leitores

Por Viegas Fernandes da Costa, no Observatório da Imprensa/Outras Palavras

Nestas últimas semanas venho tentando me afastar das redes sociais e, principalmente, do jornalismo mainstream brasileiro. Não se trata de uma tentativa de alienação, ou de proteção contra o mundo caótico que diuturnamente nos apresentam (afinal, este mundo sempre foi caótico), mas de tentar manter um mínimo de sobriedade reflexiva. (mais…)

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Um mundo cada vez mais murado

Por Raquel Rolnik, No Blog Habitat do portal Yahoo!

Foi com entusiasmo que o mundo acompanhou pela TV, em 1989, a derrubada do muro de Berlim, que durante muito tempo separou a Alemanha Oriental, socialista, da Ocidental, capitalista, convertendo-se em ícone da Guerra Fria. O fim daquela barreira – que ficou conhecida como muro da vergonha – sinalizou para muita gente a chegada de uma era sem muros. De lá pra cá, porém, sem nenhum pudor, mais e mais muros vêm sendo erguidos, mais altos, mais sólidos, e mais conectados em equipamentos e estruturas de vigilância… (mais…)

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Ruralistas tentam aprovar sementes estéreis [terminator]

Bancada conservadora no Congresso quer liberar tecnologia que torna pequenos agricultores dependentes das transnacionais do agronegócio e atenta contra biodiversidade do planeta

Por Gerson Teixeira, em Outras Palavras

Tirando proveito da perda de influência do PT no governo e, em contrapartida, da crescente hegemonia do PMDB num governo fragilizado na opinião pública, e do controle absoluto do mesmo PMDB sobre as duas casas do Congresso, a bancada ruralista avalia que chegou o momento de enfiar goela abaixo da população os pontos mais nocivos da pauta dos capitais do agronegócio para os quais militam diuturnamente. (mais…)

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Controle social, do Grande Irmão ao Big Data, por Ignacio Ramonet

Como Estados e mega-corporações praticam, juntos, vigilância permanente. De que modo isso corrói vida privada — sem a qual não pode, segundo Rousseau e Hannah Arendt, haver liberdade

Tradução: Inês Castilho, em Outras Palavras

A ideia de um mundo colocado sob “vigilância total” pareceu durante muito tempo um delírio utópico ou paranóico, fruto da imaginação mais ou menos alucinada dos obcecados pela conspiração. Mas é preciso reconhecer a evidência: vivemos, aqui e agora, sob o olhar de uma espécie de império da vigilância. Sem que saibamos, cada vez mais nos observam, nos espiam, nos vigiam, nos controlam, nos ficham. A cada dia novas tecnologias tornam-se mais refinadas, na perseguição do nosso rastro. Empresas comerciais e agências publicitárias registram nossa vida. Mas, sobretudo, sob o pretexto de lutar contra o terrorismo ou contra outras mazelas (pornografia infantil, lavagem de dinheiro, narcotráfico), os governos – incluindo os mais democráticos – se erigem em Grande Irmão e já não têm dúvidas em infringir suas próprias leis para nos espionar melhor. Secretamente, os novos Estados orwellianos buscam construir arquivos completos de nossos contatos e dados pessoais, exatamente como aparecem em diversos suportes eletrônicos. (mais…)

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O apagão do presidente da Câmara dos Deputados, por Egon Dionísio Heck

Na Adital

“O Eduardo Cunha quis apagar nossa resistência, vencer nossa paciência e dignidade, retirar nossos direitos constitucionais”, mas a escuridão a que submeteu os quase 200 presentes, não os demoveu sobre a decisão de passarem a noite em vigília contra o genocídio das populações e comunidades tradicionais e dos povos indígenas.

Dentro da normalidade de uma segunda-feira na Câmara, quando quase não existem atividades, uma silenciosa tempestade estava em curso. Vendo uma movimentação fora dos padrões, um dos seguranças chegou a chamar atenção de seus superiores, sobre uma estranha movimentação. (mais…)

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Nota à Imprensa do Conselho Indigenista Missionário – CIMI e Diocese de Roraima

O Conselho Indigenista Missionário – CIMI e a Diocese de Roraima vêm a público manifestar sua preocupação diante da invasão de garimpeiros na região ocupada pelo grupo indígena isolado Moxi Hatëtëa, no interior da terra Yanomami e com a ausência de medidas de proteção por parte do governo. A denúncia foi apresentada por lideranças Yanomami da Associação Indígena Hutukara ao MPF/RR no último dia 25/09/2015, informando que a estrutura da Base de proteção etno-ambiental da Funai, inclusive a sua pista de pouso, está sendo utilizada por garimpeiros.

A denúncia é particularmente grave, porque se trata de uma região habitada por indígenas isolados, em situação de extrema vulnerabilidade, sozinhos, indefesos e desprotegidos diante da invasão de seu território. É de conhecimento da Fundação Nacional do Índio – Funai, órgão indigenista governamental, que garimpeiros tomaram posse da sua base de fiscalização localizada na Serra da Estrutura, próximo ao Alto Catrimani, desativada desde março passado sob alegação de falta de condições para manter servidores na área. (mais…)

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Audiência Pública debate aumento da violência contra os povos indígenas, na Câmara, hoje (8), às 10h

CIMI

Houve um severo aumento da violência e das violações praticadas contra os povos indígenas no Brasil em 2014, especialmente em relação aos casos de assassinatos, suicídios, mortes por desassistência à saúde, mortalidade na infância, invasões possessórias e exploração ilegal de recursos naturais e de omissão e morosidade na regularização das terras indígenas. Esta é a constatação do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2014, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que será debatido em Audiência Pública hoje (8/10), às 10h, na Câmara dos Deputados.

A iniciativa da audiência, que contará com a participação de lideranças do povo Guarani-Kaiowá, é do presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Átila Lira (PSB-PI) e o evento poderá ser acompanhado ao vivo no sítio eletrônico AQUI. (mais…)

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A pertinência de se ler Fanon, hoje – parte 1*

por Inocência Mata, em Buala

Ó meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona!
(Última prece de Frantz Fanon em Pele negra, máscaras brancas.)

No dia 6 de Dezembro de 1961[1], morria em Maryland, Washington[2], Frantz Fanon. Soubera um ano antes, em Túnis, que sofria de leucemia e que teria menos de um ano de vida. Ainda assim, empenhara-se por acabar a tarefa que tinha entre mãos, Os Condenados da Terra, livro que escreveu entre Abril e Julho de 1961, com um ritmo febril, nas palavras de Homi Bhabha[3], e que acabaria por ver publicado. Morreria dias depois, aos 36 anos, sete meses antes da proclamação da independência da Argélia (5 de Julho de 1962), a pátria adoptiva a que chegara em 1953[4] (e de que seria expulso em 1957), depois de oito longos anos de uma guerra de libertação que ceifou centenas de milhares de vidas humanas. (mais…)

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18ª Romaria da Terra e das Águas de Minas Gerais: Brejo dos Crioulos irradiando luta pela terra e mística libertadora

No último dia 4, um domingo, dia de São Francisco de Assis, aconteceu a 18ª Romaria da Terra e das Águas de Minas Gerais no Território quilombola Brejo dos Crioulos, no Norte de Minas, na diocese de Janaúba e arquidiocese de Montes Claros. Cerca de duas mil pessoas participaram. Confira o relato sobre esse momento:

Por frei Gilvander Moreira e Maria do Rosário Carneiro – Comissão Pastoral da Terra

Território Quilombola: luta e resistência. Juntos fazemos a diferença.

“Eu darei esta terra à sua descendência,” disse Deus a Abraão. (Gn 13, 15)

Em uma mística libertadora, de resistência e defesa da terra, das águas, da dignidade humana e de compromisso com a preservação ambiental e cultural, cerca de 2 mil pessoas marcharam, sob um sol escaldante, sete quilômetros por estrada de terra, abraçando aquele chão sagrado, cantando, rezando, refletindo e assumindo compromisso de continuar a luta por direitos. (mais…)

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RENAP, 20 anos de tantas lutas!

Rodrigo de Medeiros*

A Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares-RENAP é uma teia, como o nome bem diz, em prol das causas dos movimentos sociais. Um exército de “Brancaleone”, em que cada um tem sua história própria e, tal como o filme da década de 60, um retrato, um reflexo dos desvalidos, frente a este Sistema de Justiça tão cheio de ritos, formalismos e distante do povo. Então, com esta identidade, construída de maneiras diferenciadas, tem-se a riqueza de lutadores e lutadoras junto às causas populares.

Juntei-me a este “exército” há exatos dez anos. Naquela época se comemorava a articulação de advogados (das) de movimentos mais duradoura de nossa história. Lá em 2005, bem marcada por seu início, os movimentos do campo (CPT, MAB e MST), mas já permeada pelas demais demandas da população brasileira: moradia, feminismo, quilombola, indígena, etc. E nesta estrada, impelida pelas frentes abertas pelo capital, a RENAP terminou também sendo espaço de interseção, solidariedade e de se pensar estratégias jurídicas para várias outras lutas sociais, como a socioambiental, de combate à homofobia, criança e adolescente, que foram sendo somadas as já tradicionais pautas da Rede. (mais…)

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