Ana Maria Araújo foi recebida por Francisco em uma audiência privada; no encontro, ela entregou uma carta na qual elogia o papado e pede ajuda para que sejam abertos os arquivos do Vaticano, na tentativa de compreender qual a influência das ideias de Freire nos pontificados
A viúva do educador Paulo Freire (1921-1997), Ana Maria Araújo Freire, foi recebida pelo papa Francisco em uma audiência privada no Vaticano. O encontro teria durado cerca de 40 minutos. Segundo o relato de Nita, como é conhecida, Francisco afirmou já ter lido “Pedagogia do Oprimido”, a obra mais famosa de seu marido.
Na audiência, que teria ocorrido no último mês, ela entregou uma carta na qual elogia o papado e pede ajuda para que Francisco interceda junto a sacerdotes (“sobretudo dominicanos, salesianos e jesuítas”) para que cedam cartas que receberam de Paulo Freire sobre a Teologia da Libertação – corrente de origem latino-americana que defende uma igreja voltada aos mais pobres.
Ela também pediu que, se possível, fossem abertos os arquivos do Vaticano para que soubessem qual a influência das ideias de Freire nos pontificados, a partir da publicação de Pedagogia do Oprimido, em 1970. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (25).
Legado para a educação
Nascido em 1922 na cidade de Recife (PE), Paulo Freire se tornou o mais célebre educador brasileiro, tendo sido nomeado Doutor Honoris Causa de 28 universidades pelo mundo, como Harvard, Cambridge e Oxford, com obras traduzidas em mais de 20 idiomas.
Conhecido pelo método de alfabetização de adultos que leva o seu nome, Freire criticava os meios de ensino oferecidos pela maioria das escolas (chamados de “educação bancária”), em que a educação é vista como algo alienante, que não busca desenvolver o espírito crítico dos alunos. Assim, passou a defender a necessidade de empoderamento dessas pessoas, por acreditar no conhecimento como forma de libertação das opressões sociais.
Segundo ele, o ensino deveria habilitar o estudante a “ler o mundo”, na famosa expressão do educador, para que possa transformar a realidade em que vive e lutar contra as injustiças a que muitos são submetidos. Desde 2012, Freire é considerado o Patrono da Educação Brasileira.
Foto de capa: Arquivo pessoal
Trabalho hoje na educação escolar indigena com o método Paulo freire