do Fundo Dema
O Fundo Dema há 10 anos vem apoiando projetos coletivos no oeste paraense, de centenas de organizações de comunidades indígenas, remanescentes de quilombos, camponeses agroextrativistas, pescadores, artesãos, organizações de mulheres, casas familiares rurais, com experiências de uso de técnicas alternativas ao desmatamento e uso do fogo, de recuperação de áreas degradadas e de implantação de sistemas agroflorestais.
O Fundo Dema reafirma sua posição de apoio a agroecologia e a segurança alimentar. Em março, lançou seu IX Edital para apoiar de forma prioritária projetos coletivos que promovam a agroecologia, a segurança alimentar e a justiça ambiental e climática na Amazônia.
Em sua ultima Oficina de prestação de contas e monitoramento de projetos apoiados em Rurópolis, oeste paraense, Vânia Carvalho, educadora da FASE Amazônia e integrante da equipe do Fundo Dema, divulgou a ‘Campanha Permanente contra os agrotóxicos e pela vida’, com agricultores familiares e dirigentes de associações comunitárias e da Casa Familiar Rural.
Agrotóxicos, pesticidas, herbicidas ainda são muito usados na região, são de baixo custo e estão disponíveis no mercado local. Foram debatidos os perigos do uso de agrotóxicos para os homens e mulheres do campo e das cidades e para o meio ambiente, na contaminação do solo e das águas. Foram divulgadas as pesquisas científicas que relacionam o uso de agrotóxicos a diversas doenças graves como o câncer, autismo, defeitos de nascença, depressão, diabetes, doenças respiratórias, entre outras. Também foram discutidas técnicas alternativas utilizadas para substituição desses venenos químicos industrializados.
“O perigo do veneno é que ninguém percebe se faz mal, mas vem no vento e fica na terra, matando tudo. (…) Tem que vir muita chuva pra limpar a terra e ver brotar o mato de novo”, disse um dos participantes sobre o uso do Roundup, o temido cancerígeno herbicida da Monsanto.
Também foram discutidos os perigos do consumo crescente de alimentos com ‘organismos geneticamente modificados’ (OGM), os tenebrosos ‘Transgênicos’, presentes em alimentos que contém milho e soja: óleos de cozinha, as farinhas de milho, rações de cachorros, biscoitos e até chicletes. Foi denunciado o grave retrocesso aos direitos dos consumidores com a aprovação no dia 28 de abril de 2015, do Projeto de lei que acaba com a obrigatoriedade de rotulagem para produtos transgênicos. Se aprovado, o PL 4148/2008 do deputado Luis Carlos Heinze (Partido Progressista do Rio Grande do Sul), ex-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), permitirá que empresas que usam OGM não coloquem o símbolo da transgenia nas embalagens. O aumento do consumo de alimentos industrializados no campo e na cidade e os riscos para a saúde e segurança alimentar das famílias também foi debatido na oficina. Muitos dos participantes colocaram a preocupação com o lixo plástico, cada vez mais crescente nas comunidades agrícolas que, sem acesso a coleta pública ou técnicas de reciclagem, acabam por queimar a céu aberto os resíduos.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida foi muito bem recebida pela turma de Rurópolis que pratica uma agricultura que prioriza a organização comunitária, a diversificação da produção, a valorização dos produtos nativos da Amazônia, a implantação de sistemas agroflorestais e recomposição de áreas degradadas. Nossa intenção é continuar divulgando a Campanha em outras áreas de atuação do Fundo Dema.