Nos dias que antecede o 6° Congresso Continental da Cloc, cerca de 300 jovens de diversos países da América Latina participam da 4° Assembleia da Juventude
Cloc–Via Campesina, via Pastoral da Juventude Rural
Cento e quarenta e oito milhões de pessoas. Esse é o numero total de jovens no continente latino americano. Apesar de todas as diversidades culturais, climáticas e ambientais presentes em cada um dos 33 países latinos e caribenhos, há também diversos elementos comum a todos que possibilitam a criação de uma identidade regional.
Pelo menos esse é um dos elementos trazido pelos cerca de 300 jovens de diversos países da América Latina presentes na 4° Assembleia da Juventude, iniciada nesta sexta-feira (10), durante o 6° Congresso Continental da Coordenação Latinoamericana das Organizações do Campo (CLOC).
“O congresso da Cloc significa a possibilidade de definirmos estratégias a longo prazo, mas com ações concretas que nos permitam construir a articulação de jovens, mulheres e das organizações do campo em nível continental”, destacou Henry Magallanes, dirigente de jovens da região Andina.
Para Raul Amorim, do coletivo de juventude do MST, o espaço da CLOC é um marco da organização da juventude no campo, algo negado constantemente pelo atual sistema.
“O capital nos nega qualquer espaço coletivo e organizativo, como a escola, a possibilidade de poder estudar, de se comunicar. Este é um momento em que podemos nos reunir para discutir e enfrentar os desafios da juventude frente ao avanço do agronegócio, que vem tomando nossas terras e nossos recursos naturais de forma desenfreada”, disse Amorim.
Na mesma linha segue o argentino José Cuellar, membro da equipe de formação de jovens da CLOC – Vía Campesina. Cuellar destaca que existe um sistema de produção que atenta ao sistema campesino, ao sempre olhar para os jovens da maneira que lhes convém, seja como mercadoria, como força de trabalho ou mesmo como algo insignificante.
“Estamos aqui para debatermos distintas problemáticas que os jovens enfrentam em cada um dos países, e ver quais estratégias de organização podemos utilizar para lutar contra este sistema”, aponta.
Identidade
Para Amorim, um dos pontos que permite maior unidade entre a juventude latino americana de um modo geral, são as múltiplas formas de violência praticada pelo capital contra esse setor.
“O capital avanço de forma uniforme em toda América Latina no se trata da violência contra a juventude, seja pela geração de pobreza na exploração do trabalho, pela intensificação da militarização da região, exterminando diretamente nossos jovens, ou por meio dos meios de comunicação e da indústria cultural, que busca homogeneizar toda a diversidade cultural e influenciar a juventude com pensamentos reacionários”, destaca.
Segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), mais de 30 mil jovens são mortos por ano em todo o continente, seja pelas mãos do Estado ou por milícias ou grupos paramilitares, além de representarem 30% da população que vive na pobreza e 10% de indigentes.
Além disso, a taxa de desemprego entre a juventude é quase três vezes maior que a dos adultos, e 32 milhões não estudam nem trabalham.
Sob esta realidade, Cuellar aponta que há algo a mais que une essa juventude, seja camponesa, estudantil, urbana ou afrodescendente: o fato “de todos os recursos não estarem em nosso alcance, recursos que são nossos, mas hoje não nos pertencem, pois estão nas mãos de outros poucos”, observa.
Desafios
Como observam Amorim e Cuellar, a animada participação da juventude no 6° Congresso da Cloc talvez seja um alento que demonstre a possibilidade de mudanças profundas desta realidade.
“Hoje, a juventude camponesa e urbana está disposta a discutir e a gerar uma mudança”, disse Cuellar, ao destacar que “o caminho é a organização, que é o que nos dá força para podermos transformar”.
Para Amorim, “sabemos que as grandes mudanças na América Latina só virão com uma grande mobilização de massa da juventude, não só do campo, mas da cidade. Por isso temos o desafio de fazer um grande diálogo com a população urbana”.
No atual momento conturbado pelo qual passa o continente latino americano, Amorim conclui afirmando a necessidade de se realizar “grandes mudanças com reformas populares, e que a juventude esteja na vanguarda da revolução socialista”.
Clique para acessar a Página da CLOC – Via Campesina e ter mais informações.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.