Ubervalter Coimbra, Século Diário
A data da liberação dos plantios transgênicos do eucalipto no país está marcada: a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) pautou o tema para o dia cinco de março próximo. Com a medida, a colheita da planta para uso industrial será feita com cinco anos, aumentando os danos ambientais provocados pela monocultura.
Atualmente o corte do eucalipto é feito aos sete anos. No Espírito Santo, a Aracruz Celulose (Fibria) começou a plantar eucalipto na década de 60.
Um dos grandes problemas criados pelo eucalipto é o consumo de água, agravando os problemas já sérios enfrentados em todo o Espírito Santo com a substituição da mata atlântica pela planta, exótica.
A CTNBio é ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O eucalipto transgênico que está sendo discutido na comissão é o H421, modificado geneticamente pela empresa FuturaGene Brasil, do grupo Suzano Papel e Celulose S.A. Os plantios chamados experimentais vem sendo feito há anos, inclusive no Espírito Santo.
O eucalipto transgênico daria um aumento de 15% na produtividade. A madeira produzida em 5,1 milhões de hectares de terra passaria a 185 milhões de metros cúbicos anuais, contra 159 milhões metros cúbicos por ano do eucalipto convencional.
Desde 2006 os trabalhadores rurais e especialistas apontam que o Espírito Santo tem plantios de eucalipto transgênicos. O eucalipto, além de ser precoce no Brasil, também é voraz no consumo de água e nutrientes. Todos os plantios atuais, feitos com o superclonato, serão substituídos pelos transgênicos.
A exaustão da terra com os plantios transgênicos é clara. Haverá maior destruição da natureza, com uso ainda mais intensivo de nutrientes do solo, da água, além do emprego também maior de agrotóxicos, herbicidas e formicidas, principalmente.
O eucalipto transgênico já estava sendo testado no exterior em 2001, como alertou no Espírito Santo o pesquisador Sebastião Pinheiro, da Fundação Juquira Candiru, do Rio Grande do Sul. Nesta época, os testes estavam sendo realizados pelas empresas multinacionais na Austrália e África do Sul.
O eucalipto é originário da Austrália, e chegou Brasil em 1825. Com o melhoramento genético realizadas nas últimas décadas, a produtividade do eucalipto no Brasil passou de, no máximo, 10 metros cúbicos, no início da década de 80, para 45 metros cúbicos de madeira por hectare ao ano, atualmente.
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) estima que o eucalipto já ocupe cerca de 350 mil hectares no Espírito Santo. Com a quarta nova fábrica que a Aracruz Celulose (Fibria) projeta para o Estado ,serão mais 100 mil hectares de novos plantios de eucalipto.
A nova fronteira da empresa é a região serrana capixaba, que já sofre os reflexos dos plantios de eucalipto. A espécie exótica consome 36,5 mil litros de água por ano, quando adulta.
Os rios Jucu e Santa Maria da Vitória, que abastecem a Grande Vitória, estão secando, e não só por problemas climáticos. As nascentes que abastecem estes rios são destruídas pela retirada da mata atlântica e sua substituição pelo eucalipto.