Operação em área indígena de RR chega ao fim com quase 300 detidos

Canoa de 12 metros utilizada por garimpeiros foi apreedida (Foto: Marcelo Marques/G1 RR)
Canoa de 12 metros utilizada por garimpeiros foi apreedida (Foto: Marcelo Marques/G1 RR)

Canoas, ouro, dinheiro e drogas são encontrados em posse de garimpeiros. Operação ‘Korekorema II’ foi encerrada, mas monitoramento continuará

Marcelo Marques – Do G1 RR

A operação ‘Korekorema II’, que visa combater a permanência de garimpeiros na reserva indígena Yanomami, apreendeu canoas, armas, munições, drogas, ouro e dinheiro que estavam em posse de pessoas presas durante a ação.  A informação foi repassada ao G1 nesta quarta-feira (10) pelo major Arcanjo, da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), quando foi anunciado o encerramento da operação. Cerca de 300 garimpeiros foram retirados da área indígena.

“Mais de 100 balas de espingarda, R$ 1.200, 728 gramas de ouro, dólares guianenses, uma arma de calibre 16, quatro canoas de 12 metros que suportam até cinco toneladas e 100 gramas de cocaína foram apreendidos. Todo esse material foi encontrado com os garimpeiros e apresentado à Polícia Federal”, afirmou o policial, citando ainda a apreensão de 15 motores de popas, que foram doados aos índios Yanomami, e mais cinco que foram trazidos para Boa Vista.

De acordo com o major, mais de 300 garimpeiros foram detidos e retirados da área íngena Waicais na operação ‘Korekorema II’.

“Esses homens estavam em uma região onde vivem cerca de 80 índios da etnia Yanomami. Destruímos ainda 38 balsas. Eu, pessoalmente, fiz o sobrevoo e foi verificado que está tudo limpo na reserva, sem a presença de barracos de garimpeiros há pelo menos uns três meses porque quebramos a logística deles”, comentou Arcanjo.

O major disse que pouco mais de 100 homens foram levados para a Polícia Federal e outros foram liberados em Boa Vista, devido a uma ‘questão humanitária’. “Alguns não tinham materialidade como equipamentos de garimpo ou armas, por isso, não foram presos. Os que foram levados à PF, foram soltos”, explicou.

O efetivo da operação contou com 40 homens, entre policiais do Bope, da Cipa e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Número de garimpeiros chega a 3 mil
Para João Catalano, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’kuana, da Funai, atualmente há três mil garimpeiros em atividade em outras regiões da reserva indígena Yanomami.

“A terra Yanomami sofre uma ‘nova corrida do ouro’. A prova disso é o número altíssimo de garimpeiros detidos. Muitos vêm de São Paulo, Pará, Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro, Paraíba. Havia poucos roraimenses. Há um novo eldorado ressurgindo e a ‘síndrome fofoca do garimpo’ está aumentando em outros estados”, analisou Catalano.

Há a preocupação por parte da Funai em relação ao aumento de garimpeiros vindos para Roraima. De acordo com Catalano, no auge do garimpo no estado, quando era liberado, 30% da etnia Yanomami foram dizimados.

“Havia oito mil indígenas e 40 mil garimpeiros à época. Há ainda o aliciamento de índios para trabalharem de forma ilegal e também a exploração sexual de crianças indígenas. Temos a questão da mortalidade infantil que chega a 113% e é a maior do Brasil, esse índice se compara ao da África subsaariana”, pontuou.

Catalano destacou que essa fase da operação ‘Korekorema II’ está encerrada, mas o monitoramento das áreas indígenas continuará sendo feito. “Se for indentificada alguma atividade de garimpo nesses locais que a operação esteve, vamos entrar em ação de novo. E os garimpeiros e os investidores dessa atividade ilegal têm de ficar atentos”, alertou.

Operação
Iniciada no dia 27 de novembro, a ‘Korekorema II’ é a continuação de uma operação de mesmo nome desencadeada no início deste ano. Antes de iniciar a ação, membros da Funai fizeram um sobrevoo pela região no dia 18 do mesmo mês e constataram a prática da atividade ilegal.

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