Terreno invadido em 2012 será urbanizado

Assentamento. Conforme acordo, ocupação será transformada em ‘laboratório’ para alunos da UFU
Assentamento. Conforme acordo, ocupação será transformada em ‘laboratório’ para alunos da UFU

Pedido de reintegração de posse foi suspenso após acordo com universidade

Bárbara Ferreira – O Tempo

Após quase três anos de impasses e tentativas de acordo, os moradores do assentamento do Glória, em Uberlândia, no Triângulo, e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – proprietária do terreno – formalizaram a suspensão do pedido de reintegração de posse feito pela instituição e agora discutem um projeto de urbanização para a área, invadida por cerca de 2.200 famílias em 2012. As partes interessadas chegaram a um acordo durante reunião na Justiça Federal, no fim do mês passado, e suspenderam a reintegração. Agora, a ideia é negociar uma contrapartida com prefeitura e governos estadual e federal para urbanizar o local e criar um bairro para os 15 mil habitantes.

De acordo com o diretor de assuntos estudantis e professor da UFU Leonardo Barbosa e Silva, presidente da comissão formada para discutir soluções para o impasse, um projeto de extensão multidisciplinar em planejamento pretende levar membros da universidade para atuar na urbanização do assentamento. “Depois de longo período de negociação com o movimento, temos a suspensão da reintegração de posse. Houve uma audiência de conciliação, depois que o movimento entrou com medida cautelar em prol das crianças e adolescentes, que iam ser retirados de lá. A UFU foi sensível ao pedido e concordou”, lembra. Segundo ele, o projeto objetiva a venda do terreno à prefeitura, conforme exigência da universidade, seguida de urbanização e construção de rede de serviços para os atuais moradores.

Futuro. Segundo o docente, assim que o projeto for finalizado, haverá reuniões com representantes de governos e órgãos responsáveis para obtenção de financiamentos para a urbanização.

Advogado da Pastoral da Terra e representante do movimento, Igino Marcos de Oliveira vê a situação como promissora. “Teremos médicos atuando com as famílias, engenheiros com a infraestrutura, arquitetos com as construções. A ideia é transformar a ocupação em laboratório para os alunos”, comemora.

Ainda não há previsão para a conclusão do projeto. Procurada por O TEMPO, a Prefeitura de Uberlândia não se posicionou, até o fechamento desta edição, sobre a compra das terras e a criação do bairro.

Campus

Projeto. Um novo campus da UFU está sendo construído no terreno, com cerca de 400 hectares. A invasão da área, que tem 64 hectares, não invalida o projeto, segundo a universidade.

Negociações

Ministério. De acordo com o Ministério das Cidades, desde que a pasta auxiliou na articulação entre os envolvidos – UFU, prefeitura, Ministério Público, população e Legislativo –, ainda não foi procurada para uma contrapartida no projeto.

Permuta. Pode ocorrer uma permuta pelo terreno, caso a prefeitura o compre da UFU. Outra proposta apresentada pelo movimento é de transação direta entre a universidade e os atuais moradores, que iriam dividir o valor do terreno – avaliado em R$ 63 milhões – em 350 prestações. Por 350 meses, cada família teria gasto mensal de R$ 90.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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