Investigação será instaurada a partir do boletim de ocorrência de três testemunhas e do delegado de Polícia Federal. Ameaças se estendem à procuradora da República responsável pelo caso no Ministério Público Federal e ao juiz federal que autorizou as prisões
A Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso vai instaurar um inquérito para investigar as ameaças de morte sofridas por três testemunhas, além do delegado de Polícia Federal, da procuradora da República – responsáveis pela investigação de invasão de lotes da reforma agrária -, e pelo juiz federal que determinou as prisões e o cumprimento dos mandados de busca e apreensão no dia 27 de dezembro em Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As ameaças foram feitas na semana passada, logo após a decisão do Tribunal Regional Federal da 1 Região que atendeu o pedido de habbeas corpus feito por um dos presos. A decisão de soltura foi estendida aos demais presos.
Os pedidos de prisão e busca e apreensão foram feitos com base nas investigações iniciadas há quatro anos para apurar os crimes de invasão de terras da União, associação criminosa armada, crimes contra o meio ambiente, de fraude documental nos processos do Incra, estelionato majorado, corrupção ativa e passiva, e ameaça.
Os integrantes da organização criminosa são responsáveis pela invasão de lotes destinados à reforma agrária do projeto de assentamento Tapurah/Itanhangá, em Mato Grosso. O assentamento tem 115 mil hectares e é o segundo maior da América Latina. Originalmente, o assentamento era dividido em 1.149 lotes que foram, em quase a sua totalidade, unidos para a formação de latifúndios para lavoura mecanizada.
Na tarde desta segunda-feira (08/12), o juiz federal e a procuradora da República estiveram reunidos com o delegado para obterem mais informações sobre o telefonema recebido por ele com ameaças de morte que se estenderam à procuradora da República e ao juiz federal. A intenção foi obter orientações sobre as provas coletadas, e também sobre os procedimentos e medidas de segurança a serem adotados diante da ameaça sofrida.
Já é de conhecimento da Polícia Federal que a ligação com teor de ameaça partiu de um telefone público da cidade de Itanhangá, município onde moram vários dos investigados que foram presos.
O entendimento da procuradora da República e do delegado é que as ameaças sofridas por eles e pelas testemunhas demonstram quão poderosa é essa organização criminosa e corroboram com a investigação pois fortalecem os argumentos que embasaram os pedidos de prisão e busca e apreensão.
“Não estamos intimidados. As ameaças reforçam os nossos argumentos sobre a periculosidade da organização criminosa e demonstram que a investigação está no caminho certo. Daremos seguimento à investigação com a mesma dedicação aplicada desde o início dos trabalhos”, afirmam.
Assessoria de Comunicação
Ministério Público Federal