A história dos grandes projetos na Amazônia não é nova; de fato pode-se até dizer que a semente que a fez germinar posteriormente foi plantada ainda durante a invasão dos europeus a esta região. Avança depois com os governos da ditadura, consolidando-se com os contemporâneos, governos componente de um Estado fomentador de políticas autoritárias, porém travestidas com uma manta democrática. Belo Monte pode ser considerada o símbolo desta retomada.
Imediatamente após o início das obras de construção desta usina, em 2011, a região do Xingu (e a cidade de Altamira em especial) experimentou grande elevação nos índices de violência urbana. Dados da Superintendência da Polícia Civil do Xingu apresentaram, comparando os meses de janeiro a novembro/2010 com janeiro a novembro/2011, um aumento de quase 20% nos crimes sexuais; 70% em lesões corporais; 140% em quantidade de armas apreendidas; 40% nas prisões em flagrante; 85% na quantidade de traficantes presos; 45% na quantidade geral de prisões; 120% na quantidade de adolescentes detidos; e 500% na quantidade de latrocínios. Atualmente estes percentuais são muito maiores.
Além dos anteriormente especificados, verificou-se um considerável aumento nos preços dos alimentos, dos alugueis, na quantidade de atropelamentos e demais acidentes de trânsito, na expulsão compulsória de mais de 40 mil pessoas das zonas rurais e urbanas, isto sem falar nos impactos ambientais observados, entre outros problemas. Questões que de forma nenhuma ficam compensadas com os empregos temporários gerados para a população da região, a maioria por no máximo dois anos.
No que se refere aos impactos em terras indígenas, as obras civis de Belo Monte já atingiram diretamente, com a contaminação e redução do volume de água do rio Xingu, a Terra Indígena Paquiçamba, do povo Juruna, e Arara da Volta Grande, do Povo Arara, atingindo indiretamente a TI Juruna do Quilômetro 17 e Trincheira Bacajá, do povo Xicrin. Soma-se a isto a concretização da aniquilação cultural destes povos, iniciada com a construção da Transamazônica e com outros projetos. O etnocídio está sendo neste momento finalizado.
Agora o Governo Federal da presidente reeleita Dilma Rousseff, firmemente pautado na suspensão da lei na região Amazônica, um real estado de exceção, volta seus olhos para o conjunto de sete empreendimentos hidrelétricos no rio Tapajós e seus afluentes. A primeira é a UHE São Luiz do Tapajós, a maior delas, com capacidade prevista de mais de 6.000 MW/h.
Os 13 mil índios Munduruku que habitam a região já afirmaram que não querem hidrelétrica em seu rio. Assim, as ações e reações tendem a se acirrar, de um lado e de outro.
O Seminário “Hidrelétricas no Tapajós: resistência e perspectiva” objetiva discutir a atual conjuntura dos grandes projetos na Amazônia, interpretar a proposta que está sendo feita pelo Governo Federal no que se refere às Usinas Hidrelétricas no Tapajós, finalizando com um debate sobre as formas de resistência implementadas pelos movimentos sociais e povos indígenas, incluindo neste debate as perspectivas que se abrem nesse momento histórico.
LOCAL: Auditório Central do IFPA (Avenida Almirante Barroso, esquina com a Rua Mariz e Barros).
DIA: 11 de dezembro de 2014
HORA: 18h
INSCRIÇÕES: [email protected]
–
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Dion Monteiro.