Redação CaarapoNews
A advogada do fazendeiro Orlandino Gonçalves Carneiro (61), Sueli Lima, recebeu a reportagem do CaarapoNews na última sexta-feira (22) para comentar, com exclusividade, o episódio [sic; grifo TP] ocorrido no último dia 16, quando seu cliente acabou atingindo com disparos, segunda ela, sem intenção, um adolescente indígena que teria invadido sua propriedade, que faz divisa com a aldeia Te’Yikuê, em Caarapó.
De acordo com a advogada, as lideranças indígenas estariam forjando uma cena ao [sic] qual, segunda ela, não existiu para transformar uma fatalidade em uma disputa agrária. “Em momento algum ele atirou para matar, foi uma fatalidade, seu Orlandino reside naquele local desde os 8 anos de idade, em uma propriedade herdada do pai e nunca houve conflito agrário como muitas pessoas estão querendo pregar”.
Sueli Lima contestou diversas informações que têm sido divulgadas na imprensa de uma maneira geral, entre elas a de que a arma do crime seria um revolver calibre 38 e que a polícia teria encontrado a suposta arma. “Primeiramente a arma não foi encontrada, foi entregue as [sic] autoridades. Nós procuramos o sargento da PM e informamos o local onde ela estava. Em segundo, não era um revolver 38 e sim uma espingarda Winchester, calibre 22, sem mira, de 82 anos de fabricação, que pertencia à família”, afirmou.
De acordo com a advogada, no dia do episódio, seu cliente estava na casa assistindo jornal, quando ouviu um barulho e o latido dos cachorros que vinham do açude de peixe, localizado na propriedade. “Os peixes estavam sendo furtados constantemente, ele saiu com a espingarda na mão, como de costume, e efetuou dois disparos a [sic] revelia para assustar e espantar os ladrões. Como os cachorros continuaram com o latido, ele pegou uma lanterna pequena e desceu para ver o que se tratava, quando avistou o menor caído no chão e várias varas de pescar no local”, afirmou.
Nesse momento, segundo relato da advogada, o fazendeiro teria entrado em desespero e começou a gritar por ajuda, pois sabia que havia pessoas próximas ao local. “Como ninguém apareceu para ajudar, ele pegou uma carriola e colocou o corpo em cima e levou até sua caminhonete, com intuito de trazer para a cidade e levar no hospital”, diz Sueli.
Porém, de acordo com a informação da advogada, já no caminho, o fazendeiro avistou um grupo de pessoas e tinha certeza que eram indígenas. Temendo por sua vida, ele teria deixado o corpo do menor ao lado da pista de rolagem para que fosse socorrido pelo grupo.
Depois disso, o fazendeiro teria voltado, guardado a arma, fechado a casa e deixado o local as pressas. “Essa alegação de que havia três pistoleiros faz parte da encenação que as lideranças indígenas, manipuladas por outras pessoas, estão armando para que uma fatalidade [grifo TP] passe a ser visto como uma disputa agrária e chame a atenção da mídia nacional e mundial, eles não estão nem preocupados com a morte do menor. A área da propriedade é de apenas 70 alqueires e sequer tinha caseiro por falta de condição econômica do meu cliente, como ele teria contratado jagunços?”, questiona a advogada.
Sueli afirma ainda que nos mais de 54 anos que reside no local, Orlandino sempre teve problemas de furtos com os indígenas, tendo inclusive processos ganhos de abate de rezes e inúmeros boletins de ocorrências registrados. “E mesmo assim, de uma forma geral sempre conviveu pacificamente com os indígenas. Sou advogada dele há muitos anos e sempre questionei como ele agüentava isso e ele sempre me respondia dizendo que assim como em nosso meio, na aldeia existiam índios bons e índios ruins”.
Segundo Sueli, Orlandino é hipertenso e tem passado por problemas de saúde. Ela também diz que ele passa por sérios problemas econômicos. “Por isso repito que essas informações de que pistoleiros, jagunços estariam rodeando a fazenda faz tudo parte de uma encenação. Ele não tem condições financeiras e sequer inimigos pra isso; o senhor Orlandino é uma pessoa pacata, sem nenhum antecedente de brutalidade nem na esfera civil, nem na criminal. O episódio foi uma fatalidade, poderia ter acontecido com qualquer outra pessoa, não propriamente índio. Três pessoas invadiram uma propriedade e o proprietário assustado atirou para espantar e infelizmente o disparo acertou o invasor”, afirma.
A advogada diz que pretende retomar a fazenda ocupada por cerca de 200 famílias indígenas. “O que eles fizeram lá foi um ato de vandalismo, destruíram tudo, uma propriedade que pertence à família a [sic] mais de 80 anos, todo um trabalho destruído de uma forma selvagem. Há relatos que mulheres indígenas foram para cima dos cachorros da fazenda com facões. Já entramos com o pedido de reintegração de posse e esperamos que seja atendido”.
Sueli encerrou a entrevista dizendo que o seu cliente se apresentou voluntariamente e se encontra a [sic] disposição da justiça para que a mesma seja feita com a verdade dos fatos.
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http://www.caaraponews.com.br/noticia/caarapo/21,35741,estao-querendo-transformar-uma-fatalidade-em-disputa-agraria-diz-advogada-de-fazendeiro. Compartilhada por Tereza Amaral Guarani-Kaiowá Munduruku.