Menos de um mês após a morte de uma criança por falta de atendimento no hospital da cidade de Atalaia do Norte (AM), lideranças da região relatam a morte de mais um indígena. Sebastião Mayoruna, de 60 anos, veio a óbito na tarde de [ante]ontem, 25, por causa ainda desconhecida e supostamente por não ter sido removido em tempo hábil da aldeia Fruta Pão, onde morava, distante cerca de 450 quilômetros da sede municipal.
Segundo o presidente da Organização Geral dos Mayoruna – OGM, Vítor Mayoruna, Sebastião estava doente há vários dias. Na última sexta-feira, 22/02, o técnico de enfermagem que estava na aldeia Fruta Pão teria entrado em contato com o Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI, em Atalaia do Norte por radiofonia e solicitado a remoção do indígena. A resposta dada pela funcionária responsável, naquela ocasião, foi de que ele deveria permanecer em tratamento na aldeia porque os barcos estavam “quebrados” e não havia combustível.
“A enfermeira nos disse que tinha outras pessoas precisando de remoção, mas não podia atender a ninguém devido à falta de combustível e de barcos”, relata Vitor Mayoruna. “Os técnicos de enfermagem e agentes de saúde estão olhando para o tempo, sem fazer nada, porque não tem medicamentos, não tem barco para remoção, nada tem a fazer”, conta Vitor Mayoruna.
O coordenador do DSEI do Vale do Javari, Heródoto Jean Sales, confirmou a informação do óbito de Sebastião Mayoruna, mas nega a existência de algum pedido de remoção. “Não existe nenhum documento pedindo remoção dele. Ele estava na aldeia tendo acompanhamento dos filhos e estava doente há vários dias”, diz Heródoto Jean.
Segundo ele, as remoções tem sido realizadas em tempo hábil. “Quando não temos barco, emprestamos da prefeitura para remoção dos pacientes. Há poucos dias conseguimos transporte de uma aeronave militar que estava saindo de Palmeiras”, conta o coordenador do Distrito, referindo-se a Palmeiras do Javari onde está localizado o 1º Pelotão Especial de Fronteira do Exército, do Comando de Fronteira Solimões.
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