Homens armados atacam acampamento; fazendeiro que matou indígena entra com reintegração de posse

Indígenas relataram que um grupo de pessoas armadas esteve no portão da fazenda e deram quatro tiros. Os disparos não atingiram ninguém. Fazendeiro entrou com pedido de reintegração de posse contra os indígenas na quinta-feira, 21.

Conselho do Aty Guasu acompanha retomada (Foto: Ruy Sposati/Cimi)

Ruy Sposati, de Campo Grande (MS), para o Cimi

O fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, que confessou ter matado o Kaiowá de 15 anos Denilson Barbosa, da aldeia Teyikue, em Caarapó (MS), entrou com pedido de reintegração de posse contra os indígenas. O processo foi distribuído na quinta-feira, 21, no final da tarde, na 1a. Vara Cível da Comarca de Caarapó da Justiça estadual.

Desde segunda-feira, cerca de 500 indígenas da comunidade do jovem assassinado reocupou a área, reinvindicando a fazenda como o antigo território tradicional Pindoroky.

Na sexta-feira, 22, por volta do meio dia, indígenas relataram que um grupo de pessoas armadas esteve no portão da fazenda e deram quatro tiros. Os disparos não atingiram ninguém. Para os indígenas, o ataque tem ligação com os fazendeiros da região e com a família envolvida no crime. Os indígenas tentaram alcançar os atiradores, que fugiram quando a comunidade se aproximou. A Força Nacional está a caminho da área para investigar as denúncias.

Membros do Conselho do Aty Guasu que acompanham as movimentações na área estão no local e reforçam a denúncia do ataque ocorrido hoje, mas desmentem a informação de que esteja ocorrendo despejo. Segundo lideranças do conselho, o processo está sendo acompanhado pelo Conselho Continental da Nação Guarani, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), além da Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Força Nacional. Ainda, o Conselho orienta que jornalistas tomem como fontes sobre o assunto apenas as lideranças indígenas que estão no local, a Funai e a Polícia Federal.

Os indígenas refutam os argumentos da petição inicial da ação, assinada pelos advogados Suely Rosa Silva Lima e Carlos Edilson da Cruz. Segundo os advogados, os indígenas não teriam permitido a entrada das “autoridades policiais, estadual e federal”, e que o fazendeiro não teria recolhido o rebanho bovino, e assim não estaria “podendo receber os cuidados necessários”.

Por se tratar de direitos indígenas, a Orlandino ingressou com a ação de reintegração de posse na Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul. A Constituição dá competência de julgamento de questões relativas aos direitos indígenas à Justiça Federal, o que deve levar o juiz da 1a. Vara a pedir o deslocamento de competência da ação.

Referência processual: 0800303-24.2013.8.12.0031 – Comarca de Caarapó/TJMS

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6727&action=read

Comments (1)

  1. QUE ESTE FAZENDEIRO RESPONSAVEL PELA MORTE DO JOVEM, SEJA QUEIMADO VIVO, AMARRADO EM UM POSTE COM ARAME FARPADO. AO REDOR DELE, EMPILHAM-SE MONTES DE CANA DE ACUCAR JA SECA E PRONTA PARA EXPLODIR EM CHAMAS. E QUE O PROTETOR DOS KAIOWA GUARANI, O GRANDE ESPIRITO DELES, A QUEM ELES REZAM DIARIAMENTE, A QUEM ESTE JOVEM ESTAVA REZANDO QUANDO O COVARDE DO FAZENDEIRO O MATOU – PROTEJA TODOS OS KAIOWA GUARANI NESTES MOMENTOS DIFICEIS. DE TODA CORACAO. !

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