Indígenas buscam soluções para problemas enfrentados nas aldeias. UnB oferece programa elaborado especialmente para esse público
Marcela Ulhoa
“Na prática, nós somos os novos indigenistas.” A fala é de Alfredo Wapixana, natural da aldeia Nova Esperança, em Roraima. Aos 46 anos, o indígena comemora a conquista, na semana passada, do título de mestre pela Universidade de Brasília (UnB), qualificação que abrirá muitas e importantes portas. “O mestrado e o doutorado nos dão condições de atuar nas políticas públicas, discutir ações e programas com o governo federal. Não precisamos mais de um intermediário, nós mesmos podemos lutar pelos interesses das nossas comunidades”, explica. Wapixana tem horror à ideia de tutela e acredita que a formação acadêmica o ajuda a mostrar para a sociedade que ele é um cidadão universal em seus direitos e deveres, ao mesmo tempo que reforça o orgulho em relação a sua etnia.
De acordo com Rita Potyguara, coordenadora de Educação Indígena no Ministério da Educação (MEC), a presença dos índios no ensino superior, apesar de ser bem recente, evidencia uma nova era para os povos nativos do Brasil. “Somos indígenas contemporâneos, temos também outras necessidades. Não entramos na academia só para obter um título acadêmico. Além de nos empoderar politicamente, ele serve para levantar nossa autoestima depois dos tantos preconceitos que sofremos ao longo da história”, afirma uma das poucas indígenas com doutorado no Brasil — ela só tem conhecimento de mais dois com a mesma titulação e de outros dois em fase de conclusão.
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Enviada por Ro’otsitsina para a lista CEDEFES.
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