Sobre gentes e vermes

Seu Amadeu em meio a destroços de casa derrubada em Santo Antônio. Foto: Verena Glass

Tania Pacheco

Incrível esta foto, na sua simplicidade: a cara sofrida e vivida desse homem, à frente de tudo o que construiu derrubado no chão.

Acho que eu mataria, se fizessem isso comigo. E seria em defesa própria, porque isso que aconteceu com ele também é um assassinato. E sob uma prolongada tortura, tendo que permanecer pensando nas coisas que perdeu, na vida que levava, nos amigos…

O dinheiro deles é todo manchado de sangue. Das rápidas execuções dos jagunços às lentas agonias causadas pela desesperança dos sonhos irremediavelmente destruídos…

E isso se repete Brasil afora, no campo e nas cidades, com homens, mulheres, casas, palhoças, plantações inteiras destruídas pelos tratores, florestas sumariamente derrubadas, praias privatizadas, rios sufocados e envenenados…

Vladimir Herzog escreveu que “Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados”.

Esses canalhas que mandam expulsar, demolir, executar etc, em nome do capital, não merecem ser considerados sequer seres humanos. São vermes, pústulas a serem esmagadas, espremidas, retiradas das feridas para que o nosso corpo e o do planeta se recuperem e voltem à vida. Tudo o que eles gananciosamente juntaram não vale a tristeza do olhar desse homem…

Desejo a todos que apodreçam com seus corpos empanturrados do dinheiro que fizeram a esse e a outros preços!  De preferência, com plena consciência e cheirando a cada segundo a podridão da própria morte!

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