Apesar de as cotas serem amplamente debatidas na nossa sociedade, a importância da inclusão da população negra nas escolas desde a infância é pouco explorada. A infância tem um papel muito importante na formação da personalidade do indivíduo e pode contribuir para estimular a aceitação da diversidade racial de forma natural no processo de eliminação do preconceito. A participação de educadores e, principalmente, da família, é essencial para que a criança aprenda os aspectos positivos da diversidade e da igualdade de direitos entre seus colegas de escola e perceba os aspectos negativos do preconceito e da discriminação.
Um grande passo nesse caminho foi dado com a promulgação da Lei 10.639/2003, que seria posteriormente alterada pela Lei 11.645/2008, que determina a obrigatoriedade do estudo da história e culturas afrobrasileira, africana e indígena na educação básica. Apesar dessa lei, muitas escolas ainda não adotaram a disciplina em seus currículos. A inserção da história da África e de sua relação com o Brasil deve fazer parte da infância de todos os indivíduos. Isso facilita o aprendizado da criança sobre quem foram os povos formadores do país e dá a ela a noção de origem sobre vários aspectos da cultura de nosso povo. Ajuda, também, na quebra do preconceito, porque, desde pequeno, o indivíduo convive com pessoas de outras raças de forma natural, respeitando as diferenças e estimulando o relacionamento entre negros e brancos. Um ensino mais abrangente e que contemple a relação África-Brasil beneficiaria também a própria criança negra, uma vez que ela aprenderia a não ter vergonha da cor de sua pele. Certamente, um contexto como esse faz toda a diferença na formação de cidadãos livres de preconceitos e prontos para tornar o Brasil uma sociedade mais igualitária.
Apesar da aplicação limitada da lei, já existem bons exemplos e uma iniciativa que premia professores que incentivam o estudo das cultura afro-brasileira e africana. O Educar para a Igualdade Racial é um prêmio direcionado a educadores que desenvolvem e promovem atividades entre os alunos, que, de alguma forma, ajudam a neutralizar a relação de preconceito entre negros e brancos. São iniciativas como essa que mostram que mudanças são possíveis, apesar do longo caminho até nos tornarmos um país mais igualitário.
Ajudar uma criança a se tornar um cidadão livre de preconceitos impactará suas futuras escolhas, mas nada é possível sem o envolvimento da família. Se, durante a infância, famílias costumam não se mostrar preconceituosas e até incentivam brincadeiras e amizades entre crianças de raças diversas, o preconceito aparece na adolescência, quando adolescentes de grupos raciais distintos começam a se envolver em relações sentimentais. Muitas famílias, então, se manifestam contrariamente. É nesse momento que os valores aprendidos na infância entram em cena.
Preconceito é crime e não será cometido se o indivíduo tiver valores fortes e estruturados, como o respeito pelo outro e a noção da violação dos direitos de cada um. Como já dizia Bob Marley, “enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra”. E esse não é o país que queremos para os nossos filhos. Por esse motivo, cabe refletir sobre a importância de criarmos crianças brasileiras – de todas as raça – livres de qualquer tipo de preconceito.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
Madza,
que tal escrever um artigo para o blog a respeito?
Beijos.
Tania.
As sequencias didaticas desenvolvidas pelos professores de Ed Básica Sueli Nonato, Ana Paula Balan Zilla, Sergio Ferreira, Debora Maria Macedo para o Projeto Curriculo Global (www.globalcurriculum.net) poderiam ser premiadas como iniciativas para inserir no Currículo a formação para a valorização das origens africanas e da cultura afrobrasileira