O suspeito de ter mandado matar Cícero Guedes dos Santos, dirigente do MST em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, foi preso. José Renato Gomes de Abreu será apresentado na Delegacia do Centro de Campos na manhã desta sexta-feira, 1º de fevereiro. “O acusado não possui nem nunca possuiu nenhum tipo de vínculo com o MST. Não participa de nenhuma de nossas instâncias. O acusado, ao contrário, representava interesses criminosos que pela força tentaram dominar o acampamento”, diz a direção do Movimento no Rio de Janeiro em nota.
De acordo com a polícia, o suspeito é “aliado de traficantes da comunidade Tira Gosto”.
“A irresponsabilidade do Estado Brasileiro nesses 14 anos em acabar com um dos símbolos da violência do latifúndio é a principal causa do assassinato de Cícero e por toda vulnerabilidade que se encontram as famílias sem terra do acampamento Luiz Maranhão”, afirma a nota. A polícia suspeita ainda que o mandante do crime é um fazendeiro da região.
Abaixo, leia a versão integral da nota:
O MST-RJ vem a público reconhecer o empenho e a celeridade da Polícia Civil em apurar os responsáveis pelo assassinato do militante Cícero Guedes dos Santos. A eficiência da Polícia nesse caso vem aliviar um pouco a tensão permanente em que vivem os acampados, assentados, militantes e apoiadores do MST.
O assassinato do Cícero foi um crime contra os que lutam pela terra. Em que os principais responsáveis são o latifúndio e a morosidade do Estado Brasileiro em realizar a Reforma Agrária. Cícero, militante histórico do MST, assentado desde 1997 no assentamento Zumbi dos Palmares, foi assassinado por defender a Reforma Agrária e os princípios do MST.
Gostaríamos de afirmar que o acusado não possui nem nunca possuiu nenhum tipo de vínculo com o MST. Não participa de nenhuma de nossas instâncias. O acusado, ao contrário, representava interesses criminosos que pela força tentaram dominar o acampamento.
Histórico
A Usina Cambahyba, palco do conflito que culminou com o assassinato do Cícero, tem um histórico de 14 anos de luta pela terra. Em 1998 a área recebeu Decreto de Desapropriação para fins de Reforma Agrária, da Presidência da República.
Como o processo de desapropriação não avançou após o decreto, 470 famílias organizadas no MST ocuparam as terras da Usina no dia 17 de abril de 2000, como forma de pressionar o Estado. Desapropriação que até hoje não ocorreu.
Os primeiros meses da ocupação foram marcados pelas ameaças dos seguranças da Usina às famílias sem terra, que precisaram da intervenção do Ministério Público e da Polícia Militar para garantia de sua segurança.
No ano de 2005 a Justiça Federal de Campos, que aceitou todos os recursos dos proprietários da Usina contra o processo de desapropriação desde 1998, concedeu a liminar que resultou no despejo mais violento que o MST sofreu no Estado do Rio de Janeiro.
Dia 2 de novembro de 2012, após a divulgação nos grandes veículos de comunicação de que a Usina Cambahyba, serviu para incineração de corpos dos militantes no período da ditadura militar, o MST reocupou as terras da usina cobrando do Estado a conclusão do processo de desapropriação passados 14 anos do decreto.
A irresponsabilidade do Estado Brasileiro nesses 14 anos em acabar com um dos símbolos da violência do latifúndio é a principal causa do assassinato de Cícero e por toda vulnerabilidade que se encontram as famílias sem terra do acampamento Luiz Maranhão.
Esperamos que esse seja o primeiro passo das investigações contra as ameaças sofridas por essas famílias e que outras mortes sejam evitadas.
Exigimos que o Estado Brasileiro de um fim a história de violência da Usina Cambahyba!
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http://www.cptnacional.org.br/index.php/noticias/13-geral/1449-suspeito-de-assassinar-dirigente-do-mst-e-ligado-a-interesses-criminosos