Por Redação Correio do Brasil
Paradigma do típico empresário brasileiro que sonha acumular tanta riqueza quando os maiores vetores da crise mundial do capitalismo, o ainda multibilionário Eike Batista vem enfrentando tempos difíceis na gestão de sua fortuna. Após despencar 13 posições – do 14º para o 27º lugar em 2012 – no ranking da revista norte-americana Forbes, especializada no dinheiro alheio, Eike Batista continua vendo o montante do capital que amealhou minguar dia após dia, nas bolsas de valores. Perdeu quase US$ 20 bilhões nos últimos meses. O capital acumulado era de US$ 34,5 bilhões um ano atrás e, hoje, está situado na casa dos US$ 14,5 bilhões, segundo valores estimados pela agência especializada em economia Bloomberg.
Na raiz gramatical dos problemas enfrentados pela EBX já faltam sufixos superlativos, tão grande o arco de investimentos arriscados em que se lança o filho de Eliezer Batista, ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce, na época da ditadura militar. Vão desde o fiasco em um evento de Mixed Martial Arts (MMA, na sigla em inglês), salvo pelo gongo e pela presença do campeão Anderson Silva, até uma briga feia com a Tribo Maracanã. Onde hoje existe o Museu do Índio, ele espera construir um estacionamento para os jogos da Copa do Mundo de 2014, no lendário estádio carioca sobre o qual está prestes a colocar as mãos em uma concessão plurianual. Não sem antes passar por um navio especialmente fretado para cruzeiros de orientação homossexual pela costa de Niterói e uma interminável obra no outrora belíssimo Hotel Glória, hoje de propriedade de uma das empresas do conglomerado.
Na língua tupi-guarani, porém, é a palavra terminada com wa’su (que é muito grande), aquela que incomoda o empresário. O porto do Açu, no Norte do Estado do Rio, ainda em fase de construção, vê-se ameaçado por uma sequência de processos movidos por associações ambientais e pela falta de liquidez no empreendimento. Os sócios chineses que pretendiam construir ali uma usina siderúrgica, diante da crise em Wall Street, refugaram e deixaram o sócio tupiniquim a ver navios. No painel de luz fria das bolsas de valores, as ações outrora verdejantes da iniciativa privada nacional trocaram de posição para o sinal vermelho e, desde a última quinta-feira, os papéis da LLX, empresa responsável pela obra, caem drasticamente.
Na avaliação de analistas financeiros, Eike Batista somente encontrará salvação nos cofres do governo e, segundo o colunista Guilherme Barros, em nota publicada na revista Istoé Dinheiro que chegou às bancas neste domingo, ele buscou o colo da presidenta Dilma Rousseff. Mas ainda não obteve uma resposta se seus anseios serão, ou não, atendidos. Na nota, sob o título Eike Batista discute com Dilma saída para porto do Açu, Barros relata que “com problemas para continuar com seu investimento no projeto do porto do Açu, no Rio, desde de que perdeu o sócio chinês, Eike Batista foi a Dilma pedir apoio. O empresário está precisando de um novo parceiro para terminar a construção”.
Processos em série
Não bastasse a falta dos yeuans e o excesso de ações trabalhistas, o grupo EBX, holding de Batista, é punido com medidas corretivas pela secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro devido ao aumento da salinização da água na região do porto, em São João da Barra, no litoral norte fluminense. Os advogados de Batista, que lhe custam outra pequena fortuna, receberam os detalhes da punição lavrada pelo secretário Carlos Minc (pasta) e pelo Instituto do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea).
– Verificamos problemas de aumento de salinização no Açu com base em um estudo da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e, na semana que vem, vamos anunciar as medidas corretivas – disse Minc a jornalistas, em recente entrevista.
Eike Batista precisará assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC), pagar multas e tomar as demais providências listadas pelo auto de infração. Estudo da Uenf aponta que a construção do porto causou o aumento do teor de sal na água da região, incluindo lençóis freáticos e lagoas, com graves riscos à vida marinha e terrestre na região. A salinização, segundo o estudo, foi causada pela dragagem de areia do fundo do mar.
– Nossos técnicos e do Inea foram lá e confirmaram a denúncia. O material retirado do fundo do mar tem mais sal. Isso pode influir na fauna, pesca e agricultura – alertou Minc.
Diante do cenário desfavorável, porém, é a queda nos preços da petrolífera de Batista que tem deixado alguns investidores em estado de alerta, frente à possibilidade de que o bom momento fugiu. Mas Luis Eduardo Borges, analista técnico da Strategic Invest, é de opinião contrária. Desde o início do ano até a última sexta-feira, ele seguia recomendando os papéis da empresa, apesar do painel vermelho da Bovespa.
– A empresa segue em um padrão de tendência de alta, com fundos e topos ascendentes – concluiu o analista.
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