Aloísio Teixeira, um educador “obstinado e em tempo integral”

Jornal do Brasil – Maria Luisa de Melo

Defensor ferrenho da democratização do Ensino Superior e da educação como a principal ferramenta de transformação social. Desta forma será lembrado o economista e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aloísio Teixeira, que morreu na manhã desta segunda-feira (23), de infarto fulminante, em seu apartamento em Ipanema (Zona Sul do Rio).

Era filho do educador Anízio Teixeira, que na década de 50 revolucionou o ensino com o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (a Escola Parque), em Salvador, que depois inspiraram a criação dos Cieps, no Rio de Janeiro.

Ao lamentar a morte do reitor, a presidente Dilma Rousseff, em nota, considerou-o “um brasileiro que abraçou a educação como grande instrumento de transformação da sociedade e fez do exercício de educar um compromisso de vida, como mostrou seu trabalho à frente da Universidade Federal do Rio de Janeiro”.

Formado em 1978 pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, Aloisio tornou-se mestre pela UFRJ, em 1983. Dez anos mais tarde recebeu o título de doutor. Também atuou como professor do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia/HCTE da UFRJ.

Em 1998, apontado por alunos, professores e funcionários como o nome escolhido para a cadeira de reitor daquela universidade, Teixeira protagonizou um dos casos mais polêmicos da história da UFRJ. Com maioria dos votos, o economista foi vetado para o cargo pelo então ministro da Educação do governo de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato Souza, que indicou o nome de Jose Henrique Vilhena de Paiva.

Já em julho de 2003, Aloísio finalmente foi nomeado reitor da instituição, onde atuou até junho de 2011. Como legado para os estudantes e funcionários da UFRJ, tem no currículo a criação de um Plano Diretor com metas até 2020 e a recuperação, após longo imbróglio judicial, do terreno onde funcionava o Canecão.

Com forte aproximação entre Teixeira e o governo Lula, a universidade aderiu ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que ampliou as vagas nas universidades públicas e substituiu o vestibular próprio pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do MEC.

Como explicitou o atual reitor da instituição de ensino, Carlos Levi, “o professor Aloísio imprimiu à UFRJ a marca do diálogo, da preocupação com o acesso universal ao Ensino Superior e, sobretudo, da reflexão, características de sua longa trajetória na administração pública e no ensino. Para ele, as Ciências Humanas e Sociais deveriam ter a centralidade no processo de reestruturação da Universidade, instituição indispensável para a construção de um projeto nacional sólido para a nação”.

Pai de cinco filhos, Teixeira deixa a esposa, além de quatro netos.

O corpo do professor Aloísio Teixeira será velado até as 18h desta segunda-feira, no átrio do Fórum de Ciência e Cultura, no Palácio Universitário do campus Praia Vermelha da UFRJ. A cerimônia de cremação será nesta terça-feira, às 10h30, no crematório do Cemitério São Francisco Xavier, no Caju

Chef de cozinha nas horas vagas

Poucos sabem que, além de um dos grandes economistas do país, Aloísio Teixeira tinha um outro grande talento: atuava como chefe de cozinha nas horas vagas. O carro-chefe dos pratos de Teixeira era o pato. O economista tinha, inclusive, 50 receitas elaboradas salvas em seu computador pessoal.

O prato considerado de preparo mais difícil elaborado por ele, no entanto, levava codorna. “O prato mais difícil é a Calle em Sarcophage avec sauce berigourdine, uma codorna assada com trufas. Exige muita técnica.”, contou no dia 17 de novembro de 1990 à repórter  Patrícia Paladino, na seção Comida, do Caderno B.

http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/23/aloisio-teixeira-um-educador-obstinado-e-em-tempo-integral/

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