Edilson Almeida
As famílias dos trabalhadores rurais que ocupam a Fazenda Santa Rosa I, no município de Sorriso, no Norte de Mato Grosso, prometeram não partirem para o confronto com a força policial que chegou na área na manhã desta terça-feira, 17, para cumprimento de ordem de despejo determinada pelo Tribunal de Justiça. Os lideres dos trabalhadores pediram, no entanto, ao comando da operação um prazo de 5 dias para retirar todos os seus pertences e deixar a área pacificamente. O comando da operação aceitou o pedido, mas a reintegração continua com a derrubada das casas que já se encontram vazia.
Líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamentaram a decisão. Eles disseram que as famílias vão perder lavoura, gado, galinha, horta e algumas casas. Como já vivem acampadas na área há mais de uma década, tocaram a vida e fizeram benfeitorias. Nesses 14 anos, o Governo Federal, através do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), não deu um destino definitivo a elas. De acordo com o MST, isso é reflexo de uma reforma agrária de mentira, que nunca ocorreu de fato no Brasil.
Como obviamente que as famílias não querem largar tudo que têm, o MST, nesses cinco dias, vai tentar novamente reverter o despejo na justiça. “Essas famílias não têm para onde ir. Mulheres e crianças vão ficar, provisoriamente, na Escola Municipal Boa Esperança, no Distrito de mesmo nome, ao qual a gente chama de vila”, explica Marciano da Silva, da coordenação Estadual do MST em Mato Grosso.
Havia grande temor da população em um possível confronto entre policiais e assentados. A tentativa de reintegrar a área está acontecendo pela segunda vez em menos de um mês. O helicóptero da secretária de segurança do estado de Mato Grosso já esta na fazenda Santa Rosa I e sobrevoa área dando apoio a operação. Cerca de 130 policiais do grupamento de choque dão suporte a operação.
O litígio na propriedade começou em 1998. O Incra entendeu que não haveria possibilidade de comprar a área em razão da falta de condições técnicas. A área seria ocupada por 27 grandes fazendeiros e produtores rurais, não beneficiários da reforma agrária.
Na região, fala-se que os supostos donos da terra teriam fomentado a ocupação pelos trabalhadores rurais, visando exatamente um acordo indenizatório por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A última decisão pela reintegração é da ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Produtores rurais donos da área garantem que políticos e membros do Governo e da diretoria do Incra de Mato Grosso teriam trabalhado, nos bastidores, para impedir o cumprimento de decisão judicial transitada em julgado.
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