El Salvador: Mulheres registram o impacto do cultivo da cana na saúde de produtores

Uma importante fonte de renda para mulheres do departamento de Usulután e San Vicente, do Baixo Lempa, o cultivo da cana-de-açúcar também representa uma fonte de destruição de vidas. Na região ocorrem até quatro mortes mensais de canavieiras por insuficiência renal.

A reportagem é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 03-07-2012.

O impacto do cultivo da cana foi analisado pelo Grupo de Diálogo Rural (GDR), um espaço de reflexão e discussão de políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento rural, do qual participam representantes do governo, das universidades e lideranças locais.

A situação dramática das mulheres que trabalham em canaviais foi levada à discussão por operárias do setor, dentre elas Letícia Elizabeth Sánchez, Sonia Guadalupe Hernández, Candelaria Bonilla e Patricia Saravia.

“Não vejo o cultivo da cana como uma fonte de rendimento econômico. Ele nos dá a oportunidade de pagar o que devemos no comércio, dá para sobreviver por três meses, mas essa cultura é mais uma fonte de destruição”, disseLetícia, uma das líderes da comunidade.

“A cana é um produto muito importante, gera recursos para certo grupo da população, é um produto muito rico por sua produção e por seu preço, mas tem a desvantagem de danificar a terra e as pessoas, sem contar os químicos que são aplicados. A água que temos disponível não serve para o consumo humano”, agregou Sonia Guadalupe Hernández.

Patrícia Saraiva denunciou que as mulheres são tratadas como animais e sofrem, inclusive, abuso sexual e físico nos canaviais. O Ministério da Saúde reconhece as doenças renais crônicas como uma epidemia nacional, que já é a quinta causa de morte no país. As mulheres queixam-se do prejuízo que as fumigações das lavouras trazem para a sua saúde.

O vice-ministro da Agricultura, Hugo Flores, que integra o GDR, comprometeu-se em interferir no governo para tentar controlar as fumigações.

A cultura da cana ocupa mais de 70 mil hectares do campo salvadorenho e substituiu, em muitas localidades, o cultivo do algodão.

De acordo com a Associação Açucareira de El Salvador, a cana gera 48 mil empregos diretos e mais de 250 mil indiretos. As mulheres ganham de 4 a 5 dólares por jornada.

Elas pediram um freio à expansão do cultivo da cana no país, o controle das fumigações aéreas, aproveitando as áreas para o cultivo de frutíferas. “Caso contrário, em cinco anos não vamos ter sequer água para tomar no Baixo Lempa”, advertiu Letícia.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511157-mulheres-registram-o-impacto-do-cultivo-da-cana-na-saude-de-produtores

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