“Durante a realização do evento, a polícia civil do Pará solicitou à Justiça a prisão preventiva de 11 pessoas acusadas de participar dos protestos. Entre os acusados no inquérito estão integrantes e assessores do Movimento Xingu Vivo para Sempre, um padre que rezou uma missa e abençoou o encontro, uma freira, um pescador que teve sua casa destruída pelo Consórcio poucos dias antes, missionários indigenistas e um documentarista de São Paulo. Sem provas, a concessionária responsável pela usina (CCBM) acusa essas pessoas de roubo, formação de quadrilha e perturbação, entre outros crimes.”
Toda ação deles terá uma reação nossa. A perseguição aos ativistas que lutam contra a construção da usina de Belo Monte leva a uma série de reflexões sobre o que está, de fato, ocorrendo em Altamira, oeste do Pará. O resultado da resistência dos grupos que apoiam a luta pelo Xingu Vivo trouxe à tona a violência e perseguição do Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), da Norte Energia e da polícia do estado, que decretou a prisão preventiva de onze pessoas ligadas à luta em prol do Xingu.
De 13 a 17 de junho, cerca de 300 pessoas se reuniram no encontro Xingu+23 na comunidade de Santo Antonio, 50km de Altamira – Pará. Um dos objetivos foi reviver um marco da resistência dos povos da Amazônia que, há 23 anos, impediu a construção da usina. Além disso, havia um grito entalado na garganta de todos ali, um grito de que a Rio+20 não lhes representava – nem a nós! O Xingu+23 buscou formas e estratégias de lutar contra Belo Monte, dando visibilidade aos atingidos pela obra – ribeirinhos, indígenas, pescadores, quilombolas e outros –, em contraste com o cinismo do governo brasileiro.
O suposto desenvolvimento sustentável da Norte Energia, vendido através de investimentos massivos em mídia, nada traz do real e verdadeiro cenário da construção da hidrelétrica. Belo Monte é mais um sonho divulgado pela propaganda do estado que se transformou em pesadelo para os que vivem sua realidade. Desde o início das obras, a cidade de Altamira passou por uma explosão demográfica e, consequentemente, por especulação imobiliária, alta no preço dos alimentos, acidentes, aumento dos indíces de violência, com destaque para assassinatos e um assustador crescimento de 160% no índice de vítimas de estupro. Tudo já previsto, mas agravado pelo não cumprimento das condicionantes pelo consórcio construtor.
Um ato contra a repressão e em solidariedade às vítimas da aliança do estado brasileiro com o capital financeiro representado nas grandes construtoras – Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez – será realizado nesta quinta-feira, 5/7, em frente ao antigo prédio do DEOPS, hoje chamado Museu da Resistência, próximo à estação da Luz.
Mas por que uma ação de perseguidos políticos do Xingu no DEOPS? Porque são muitos os paralelos do nosso regime democrático com o período militar. Como se não bastasse tirar do papel uma obra arquitetada pelos militares, o governo “democrático” brasileiro também persegue os que se opõem aos seus planos. Hoje aqueles que outrora foram vítimas de perseguição política se transformaram em perseguidores. Pedem o encarceramento de lutadores que ousaram se colocar contra uma obra de R$ 30 bilhões que faz parte dos planos de crescimento a qualquer custo do Estado brasileiro. Em nome do “interesse nacional”, não hesitam em destruir o que quer que apareça no caminho. Nesta quinta-feira, vamos às ruas contra a repressão e perseguição política que extirpa nossa liberdade diante desse sistema falido.
Hoje, amanhã e sempre, Somos Todos Xingu!!
Serviço
Quando: quinta, 05/07, às 17h30
Onde: concentração em frente ao Parque da Luz, centro de São Paulo
O que: caminhada até o antigo prédio do DEOPS, às 18h30
Compartilhada por Ney Didan.