Em Santarém, na quarta-feira, 27, Edmar Paiva do Carmo, 56 anos, perdeu a guerra. Morreu depois de 15 anos de luta contra os efeitos de um inimigo a princípio invisível, depois incomodamente presente no cotidiano dele e da família. Os sintomas da exposição ao longo de pelo menos duas décadas contínuas ao inseticida DDT, utilizado até meados dos anos 90 no combate ao mosquito da malária. Sem equipamentos adequados de proteção, os ‘homens da Sucam’ percorreram todos os espaços amazônicos, lidando diária e diretamente com o inseticida. Ajudaram a minimizar as epidemias de malária na região, mas pagam um preço alto por isso até hoje.
“Temos 802 funcionários intoxicados. Já perdemos 108 nessa guerra. O companheiro de Santarém foi a vítima mais recente”, diz Luís Sérgio Botelho, integrante da Comissão dos Intoxicados, que luta contra a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) pelo direito a uma indenização aos trabalhadores contaminados. Um dia depois da morte de Edmar Paiva do Carmo, representantes da comissão engrossaram as manifestações contra o Governo Federal em frente à sede do Banco Central em Belém. Fincaram cruzes com o nome de dezenas de mortos, vitimados direta ou indiretamente, segundo Botelho, pelos efeitos da exposição maciça ao DDT. (mais…)