O corpo do ex-senador Abdias Nascimento será velado nesta quinta-feira (26), a partir das 18h, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Na sexta, às 11h da manhã, o corpo será encaminhado para o Crematório da Santa Casa da Misericórdia, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
Era o desejo de Abdias Nascimento ser cremado e que as cinzas fossem levadas para a Serra da Barriga, em Alagoas, local do maior centro da resistência negra no Brasil, o Quilombo dos Palmares.
Um dos maiores ativistas da luta pela cidadania dos negros no Brasil, Abdias Nascimento morreu às 22h50 da última segunda-feira (23), no Hospital dos Servidores do Estado (HSE), aos 97 anos, vítima de complicações decorrentes de diabetes.
A cremação, agendada para as 13h30 de sexta-feira, será uma cerimônia restrita a familiares e amigos próximos.
Nascido em 1914, no município de Franca (SP), Abdias Nascimento começou a luta pela igualdade racial ainda estudante, na capital paulista, onde em 1936 foi preso por protestar contra a exigência de entrar numa boate pela porta dos fundos, por ser negro. Em 1944, já vivendo no Rio de Janeiro, ele fundou o Teatro Experimental do Negro. Além de ator e dramaturgo, foi jornalista, escritor e artista plástico.
O ativista sofreu pressões durante a ditadura militar e ficou exilado 13 anos nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, Abdias Nascimento iniciou carreira política, foi deputado federal, nos anos 80, e senador, de 1991 a 1992 e de 1997 a 1999 pelo PDT.
A última homenagem em vida ao ex-senador foi a criação do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, lançado há 15 dias pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. Com inscrições abertas até 19 de agosto, o prêmio vai contemplar as melhores reportagens sobre temas relacionados à população negra.
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2011/05/25/quilombo-dos-palmares-vai-receber-cinzas-de-abdias-nascimento/