Venha reinventar o mundo na Rio +20!

O Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 chama as organizações dasociedade civil e movimentos sociais e populares de todo o Brasil e do mundo para participar doprocesso que culminará na realização, em junho de 2012, do evento autônomo e plural,provisoriamente denominado Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental,paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD).Há vinte anos, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento(Rio 92) e o ciclo social de conferências das Nações Unidas que a ela se seguiu discutiram osproblemas globais que afetam a humanidade e pactuaram uma série de propostas para enfrentálos(as Convenções sobre Mudanças Climáticas, Biodiversidade, Desertificação, a Agenda 21,Carta da Terra, Declaração sobre Florestas, Declaração de Durban, entre outras). Mas aquilo quedeveria ter sido o início da reversão das situações de miséria, injustiça social e degradaçãoambiental frustrou boa parte das esperanças depositadas nesse processo.

Sete bilhões de seres humanos vivem hoje as seqüelas da maior crise capitalista desde a de1929. Vivem o aumento gigantesco da desigualdade social e da pobreza extrema, com a fomeafligindo diretamente um bilhão de pessoas. Presenciam guerras e situações de violênciaendêmica e o crescimento do racismo e da xenofobia.O sistema de produção e consumo capitalista, representado pelas grandes corporações,mercados financeiros e os governos que asseguram a sua manutenção, produz e aprofunda oaquecimento global e as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a escassez de águapotável, o aumento da desertificação dos solos e da acidificação dos mares, em suma, amercantilização de todas as dimensões da vida.Enquanto estamos vivenciando uma crise civilizatória inédita, governos, instituições internacionais,corporações e amplos setores das sociedades nacionais, presos ao imediato e cegos ao futuro,agarram-se a um modelo de economia, governança e valores ultrapassado e paralisante.

A economia capitalista, guiada pelo mercado financeiro global, continua apoiada na busca semlimites do lucro, na superexploração do trabalho – em especial o trabalho das mulheres e dossetores mais vulneráveis –, na queima dos combustíveis fósseis, na predação dos ecossistemas,no desenvolvimento igualado ao crescimento, na produção pela produção – baseada nadescartabilidade e no desperdício e sem consideração pela qualidade da existência vivida.Diante de tal conjuntura, o momento político propiciado pela Rio+20 constitui uma oportunidadeúnica para “reinventar o mundo”, apontando saídas para o perigoso caminho que estamostrilhando. Mas, julgando pela ação dos atores hegemônicos do sistema internacional e pelamediocridade dos acordos internacionais negociados nos últimos anos, suas falsas soluções e anegligência de princípios já acordados na Rio92, entendemos que se não devemos deixar debuscar influenciar sua atuação, tampouco devemos ter ilusões que isso possa relançar um ciclovirtuoso de negociações e compromissos significantes para enfrentar os graves problemas comque se defronta a humanidade e a vida no planeta.Entendemos que a agenda necessária para uma governança global democrática pressupõe umfim da condição atual de captura corporativa dos espaços multilaterais. Uma mudança somentevirá da ação dos mais variados atores sociais: diferentes redes e organizações nãogovernamentaise movimentos sociais de distintas áreas de atuação, incluindo ambientalistas,trabalhadores/as rurais e urbanos, mulheres, juventude, movimentos populares, povos originários,etnias discriminadas, empreendedores da economia solidária, etc.

Necessitamos construir umnovo paradigma de organização social, econômica e política que – partindo das experiências delutas reais destes setores e da constatação de que já existem condições materiais e tecnológicaspara que novas formas de produção, consumo e organização política sejam estabelecidas –potencializem sua atuação.A Rio +20 será um importante ponto na trajetória das lutas globais por justiça social e ambiental. Ela se soma ao processo que estamos construindo desde a Rio-92 e, emespecial, a partir de Seattle, FSM, Cochabamba e que inclui as lutas por justiça climáticapara a COP 17 e frente ao G20. Este momento contribuirá para acumularmos forças naresistência e disputa por novos paradigmas baseados na defesa da vida e dos bens comuns.

Assim, convidamos todos e todas para uma primeira atividade preparatória desta Cúpula dos Povos, no dia 2 de julho de 2011, na cidade do Rio de Janeiro para – juntos ejuntas – construirmos um processo que culminará em nosso encontro em junho de 2012 ese desdobrará em novas dinâmicas.

 

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