Indígenas mapuche presos completam 65 dias em greve de fome

Os quatro indígenas mapuche condenados de 20 a 25 anos de prisão completam, hoje (18), 65 dias em greve de fome na prisão de Angol, no Chile. Os mapuche estão em jejum por um julgamento justo e sem a aplicação da Lei Antiterrorista. Com saúde já frágil, aguardam a decisão da Suprema Corte sobre o recurso de nulidade apresentado contra o juízo de Cañete. A expectativa é que a Suprema Corte divulgue a decisão no próximo dia 3 de junho.

De acordo com informações de Radio Universidad de Chile, cada mapuche já perdeu cerca de 20 quilos desde o dia 15 de março, data em que iniciaram a greve de fome. O mais velho do grupo, Héctor Llaitul, de 43 anos, perdeu 20 quilos e apresenta insônia, dores de cabeça, cãibras nas extremidades do corpo e sinais de fraqueza. Os sintomas também já são sentidos por Jonathan Huillical, de 23 anos, quem perdeu 18 quilos.

Segundo o diário eletrônico, a situação também é vivida por José Huenuche, de 34 anos, que perdeu 16 quilos, e para Ramón Llanquileo, de 29 anos, quem já diminuiu 17 quilos. Apesar do estado de saúde crítico, a expectativa é que os mapuche continuem em greve até conseguirem uma solução.

“O relatório aponta uma série de dificuldades que têm tido quanto a seu estado de saúde. No entanto, eles se mantêm firmes para seguir com a mobilização até que possam ter uma resolução. Nós esperamos que possa se dar o mais rápido possível, tanto na Suprema Corte quanto na Corte de Apelações de Concepción. Estamos à espera disso para poder tomar algumas decisões”, comentou Natividad Llanquileo, porta-voz dos quatro líderes mapuche.

Llaitul, Llanquileo, Huenuche e Huillical foram condenados, no dia 22 de março, a sentenças que vão de 20 a 25 anos de prisão por atentado à autoridade e roubo com intimidação pelo ataque ao fiscal Mario Elguete, em outubro de 2008. Os quatro integrantes da Coordenação Arauco Malleco (CAN) questionam a utilização da Lei Antiterrorista – imposta pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) – no julgamento realizado pelo Tribunal de Cañete.

Adolfo Montiel, defensor de Ramón Llanquileo, lembrou à Radio Universidad de Chile que os mapuche foram “mal condenados” – tanto pela utilização da Lei Antiterrorista quanto pela má qualidade das provas apresentadas pela Promotoria – e tiveram seus direitos à defesa violados.

Agora, os indígenas aguardam a decisão da Suprema Corte de Justiça do Chile sobre o recurso de nulidade do julgamento, apresentado no início deste mês pela defesa. O advogado de Llanquileo está otimista em relação ao processo de nulidade, que deverá ser divulgado no próximo dia 3.

 

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=56587

 

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