Código e Rio+20

“Esta semana é decisiva para o Código Florestal. Se o governo não for capaz de liderar a discussão do substitutivo com rigor, determinação e com o olhar coerente com suas aspirações de liderança mundial no tema do meio ambiente, não será liderança de nada e acenará com um potencial fracasso na Rio+20”, escreve Ricardo Young, empresário, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 02-05-2011.

Segundo ele, “se esse for o caso, devemos adiar a votação do Código Florestal. Não estamos prontos”. Eis o artigo.

Semana passada, diante das principais lideranças ambientais e da sociedade civil, Achim Steiner, subsecretário das Nações Unidas e diretor do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), o embaixador Figueiredo, interlocutor perante a ONU nos temas ambientais e representante do Brasil nas COP-15 e 16, e a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, procuravam convencer uma plateia atenta sobre como o recente documento do Pnuma e a Rio +20 convergiram para revolução verde.

De fato, o documento “Rumo a uma Economia Verde”, lançado em fevereiro deste ano, se tornou uma forte referência no esforço de reformar os princípios que orientam os mercados, as políticas governamentais e os capitais internacionalmente. É uma tentativa de estabelecer as bases de novas políticas, que propiciem uma transição definitiva para economia sustentável.

Ao mesmo tempo, a Rio+20 vem se tornando uma oportunidade emblemática no trato real das ameaças colocadas pelas mudanças climáticas.

Uma iniciativa de mostrar também que a nova economia de baixo carbono pode ser chave para uma retomada do desenvolvimento dos países europeus e dos EUA.

Governo brasileiro e ONU afirmavam a importância de ter o Brasil na liderança desse diálogo multilateral, que não pode ter o mesmo destino que a OMC. A ausência de consenso na rodada de Doha tem levado a travamento intolerável no comércio internacional.

Os palestrantes esforçavam-se em mostrar que meio ambiente deixou de ser referência marginal às formulações de política econômica e passava a ser elemento fundamental em sua concepção.

Mostravam o quanto tal atitude poderia ser aferida pelos recentes posicionamentos do Brasil nas COPs, em Nagoia e na legislação sobre mudanças climáticas e resíduos sólidos.

Tergiversaram, porém, ao responder de que maneira as mudanças no Código Florestal poderiam antecipar essa liderança e sinalizar a vanguarda brasileira no tema.

O governo foi loquaz quando falou de aspirações, mas foi tímido, demasiadamente tímido, quando falou de uma questão concreta que implica altos custos políticos…

Esta semana é decisiva para o Código Florestal. Se o governo não for capaz de liderar a discussão do substitutivo com rigor, determinação e com o olhar coerente com suas aspirações de liderança mundial no tema do meio ambiente, não será liderança de nada e acenará com um potencial fracasso na Rio+20.

Se esse for o caso, devemos adiar a votação do Código Florestal. Não estamos prontos.

Temos que aprofundar a nossa lição de casa e não ceder ao açodamento daqueles que pensam que tudo sabem apenas porque sua miopia lhes acorrenta ao curto prazo.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=42861

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.